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Etiópia: Remodelação vista como "operação de cosmética"

nn
3 de novembro de 2016

O primeiro-ministro etíope, Hailemariam Desalegn, substituiu 21 dos 30 ministros do seu gabinete. A mudança é vista pela oposição como uma manobra política para pôr fim à onda de protestos que causou dezenas de mortes.

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Foto: DW/Y. Gebergziabeher

Entre os novos detentores das pastas, dois pertencem ao maior grupo étnico do país, os oromo, reprimidos há várias décadas. A região de Oromia, no centro do país, foi o epicentro dos protestos que eclodiram a 2 de outubro, quando pelo menos 52 pessoas morreram esmagadas durante um protesto.

Workineh Woldekidan, ex-chefe da polícia, é o novo titular dos Negócios Estrangeiros. Negeri Lencho vai chefiar o Ministério das Comunicações. Será o novo porta-voz do Governo e o coordenador dos meios de comunicação estatais, num país onde o Executivo não tolera críticas.

Äthiopien Unruhen
Protestos em Bishoftu em outubroFoto: Getty Images/AFP/Z. Abubeker

Em entrevista à DW África, Negeri Lencho garante que quer mudar o país. "As críticas não têm fundamento porque, até onde sei, o Governo fez estas mudanças por causa da pressão crescente da população. O Governo avaliou e descobriu lacunas no serviço público e está pronto a corrigir esses problemas", diz.

O novo coordenador dos meios de comunicação estatais considera que se trata de uma mudança "honesta", que "não serve simplesmente para silenciar a oposição", que aconselha a não ser tão "pessimista" quanto à mudança. "Esta é a maneira mais correta de servir a população e de fazer da Etiópia uma Etiópia melhor", conclui.

"Operação de cosmética"

Segundo o primeiro-ministro etíope, alguns dos novos ministros têm um perfil tecnocrata e foram chamados para servir a nação e não os interesses do partido no poder, a Frente Democrática Revolucionária do Povo Etíope.

As críticas à remodelação governamental anunciada na terça-feira (01.11) não tardaram. "O que estão a tentar fazer é uma operação de cosmética", afirma Merera Gudina, presidente do Congresso do Povo Oromo (na oposição). "Estão a substituir as pessoas por outras que estavam a servir o Governo a vários níveis", critica.

03.11.2015 Etiópia - MP3-Stereo

Merera Gudina lembra que as pessoas exigem mudanças fundamentais, como um sistema judiciário independente, um comité eleitoral independente e eleições antecipadas.

Também Yilkal Getnet, líder do partido da oposicao Semanyawi, considera que esta mudança governamental não resolve os verdadeiros problemas da Etiópia. "É uma alteração superficial", diz. "Os grandes problemas são o desemprego juvenil, a falta de direitos cívicos e a transição da ditadura para a democracia. Como não temos uma sociedade aberta e vibrante e um governo responsável, não conseguimos resolver os problemas reais que enfrentamos hoje".