eSwatini: Pelo menos 27 mortos em protestos anti-monarquia
7 de julho de 2021"Infelizmente, sim, 27 pessoas perderam a vida", afirmou Manqoba Khumalo, numa entrevista telefónica à agência noticiosa France-Presse (AFP), dizendo que a maioria das mortes ocorreram na última semana.
"Foi necessário recorrer à força e, em alguns casos, foi necessário trocar tiros e houve vítimas", continuou.
Uma onda de protestos pró-democracia tem abalado eSwatini, nas últimas semanas, para exigir reformas políticas e contestar a brutalidade com que qualquer tentativa de dissidência na última monarquia absoluta na África é reprimida.
"Em alguns casos, as pessoas ficaram presas em edifícios quando estes foram incendiados", acrescentou Khumalo.
Lojas pilhadas e queimadas
Centenas de jovens pilharam e queimaram lojas, visando propriedades pertencentes ao rei Mswati III, respondendo com pedras às munições reais disparadas pelas forças de segurança.
Até agora o Governo tinha dito que não recebera quaisquer relatos oficiais de mortes de manifestantes.
Os protestos são raros no país, onde os partidos políticos estão proibidos há décadas, mas nas últimas semanas irromperam manifestações violentas em partes do território contra aquela que é a última monarquia absoluta de África.
ONU pede investigações imparciais
O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu na terça-feira investigações transparentes e imparciais às alegadas violações de direitos humanos no país.
Em comunicado, a porta-voz do alto-comissariado Liz Throssell pediu às autoridades de eSwatini que "garantam investigações rápidas, transparentes, eficazes, independentes e imparciais sobre todas as alegações de violações dos direitos humanos", incluindo por parte das forças de segurança e que "os responsáveis sejam responsabilizados", recordando que "os protestos pacíficos são protegidos pelo direito internacional dos direitos humanos".
Essuatíni está sob o comando absoluto de Mswati III desde 1986 e tem pouco mais de um milhão de habitantes, a maioria deles jovens. Além da falta de direitos e liberdades no nível político, o país enfrenta altos níveis de pobreza e uma alta prevalência de problemas de saúde como tuberculose e HIV.
Em abril de 2018, o próprio monarca decidiu mudar o nome oficial do país, substituindo o nome oficial em inglês da Suazilândia por eSwatini, que na língua local significa "o lugar do suazi" (grupo étnico majoritário).