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História

"Escola da Amizade" – Solidariedade internacional?

Marta Barroso (artigo originalmente de 6/11/2009)3 de outubro de 2014

Em 9 de novembro de 1989 “caiu” o Muro de Berlim. O início do fim da Rep. Dem. da Alemanha, que teve muitos contatos com países socialistas africanos. Até fundou uma escola para crianças moçambicanas em plena Alemanha.

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No dia 3 de março de 1983, Margot Honecker, a então ministra de Educação da RDA (a esq.) recebe com a direção da "Escola da Amizade" a visita a Berlim de Samora Machel, na altura Presidente de MoçambiqueFoto: Bundesarchiv/Bild 183-1983-0303-423/H. Link

03.10. Contraste Escola da Amizade Stassfurt - Feature Schule der Freundschaft

899 crianças moçambicanas em plena República Democrática da Alemanha (RDA). Milhões investidos. Um projeto de solidariedade internacional. Ou, antes, de interesse nacional?

Samora Machel disse uma vez que “a formação de crianças deveria ser como um tomate. Quando está maduro, explode e as sementes voam para os lados.” A ideia de Machel, o primeiro Presidente da República de Moçambique e, naquela altura, finais dos anos 70, líder do partido FRELIMO, adequa-se bem à “Escola da Amizade” (em alemão “Schule de Freundschaft”).

O projeto da instituição veio assinado na bagagem da visita à África em 1979 por Erich Honecker, secretário-geral do Partido Socialista Unificado da República Democrática Alemã (SED). O acordo da “Escola da Amizade” era um de diversos acordos de Amizade e Cooperação.

Uma escola na RDA para crianças moçambicanas

Deutschland DDR Mosambik Schule der Freundschaft in Stassfurt
A "Escola da Amizade" no ano de 1982 com bandeiras políticas na entrada principalFoto: ullstein - ADN-Bildarchiv

Três anos depois, o edifício estava em pé. Foi construído na pequena cidade de Staßfurt, perto de Magdeburg na província da Saxónia-Anhalt, na Alemanha de Leste. Lá, iriam viver durante quatro anos 899 crianças moçambicanas. Lá, estas crianças iriam receber formação escolar e, depois, profissional. Iriam tornar-se pedreiros, Embora a formação política tenha sido entregue à responsabilidade dos professores moçambicanos, a ideologia socialista era uma constante no dia-a-dia da escola, que se terá tornado na predileção de Graça Machel, mulher do presidente moçambicano e, na altura, ministra da Educação do país.

A “Escola da Amizade” era oficialmente um símbolo de solidariedade internacional. Mas também para a RDA a instituição deveria trazer vantagens – sobretudo económicas, o que tornava a intenção do projeto um tanto questionável.

Schule der Freundschaft
O edifício da antiga "Schule der Freundschaft" no ano de 2009

O colapso da Alemanha de Leste

Em 1988, um ano antes do colapso do bloco comunista e, com ele, da RDA, a “Escola da Amizade” chegou ao fim. A primeira geração de adolescentes moçambicanos tinha terminado a formação e regressado ao seu país. Mas Moçambique ainda estava em guerra e, no país, não se falava das medidas de desenvolvimento previstas.

A maioria dos ex-alunos da “Escola da Amizade” não regressou à Alemanha, depois do regresso a Moçambique previsto para logo que a formação terminasse.

03.10. Contraste Escola da Amizade Stassfurt - Feature Schule der Freundschaft

Em 2009, vinte anos depois da queda do Muro de Berlim, Marta Barroso conversou com Custódio Tamele, um dos moçambicanos de Staßfurt, Heinz Berg, o ex-director do internato da escola, e Joachim Scheuermann, ex-professor de Física – acompanhe as entrevistas nesta edição do Contraste.

DDR Afrika Besuch aus Mosambik Samora Machel bei Margot Honecker
Em 1983, o Presidente de Moçambique, Samora Machel (à direita), encontrou-se com a direção da Escola da AmizadeFoto: Bundesarchiv/Bild 183-1983-0303-424/H. Link
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