Empresa moçambicana leva superalimentos à Alemanha
22 de janeiro de 2020Uma empresa do setor agrícola africana busca ingressar nos mercados alemão e europeu. A moçambicana Matharia Empreendimentos participa pela primeira vez da Semana Verde e trouxe à capital alemã suplementos alimentares produzidos a partir de dois vegetais que cultiva nas suas machambas (campos agrícolas) em Ribaué, na província de Nampula. A folha da moringa é desidratada e processada para a produção de um pó e de chás.
"A ideia é dar às pessoas um leque variado de formas de consumo em que o pó poderia ser usado, misturado com outros alimentos - como iogurte, sopa ou sumo de frutas – e o chá seria para fazer uma infusão", explica Alexandre Santos, sócio e diretor-geral da Matharia.
Superalimentos
A empresa considera tratar-se de superalimentos devido aos vários benefícios que a folha da planta pode proporcionar. Além de nutritiva, o vegetal também rico em fibras, vitaminas e minerais, como o ferro, e tem alto valor energético.
"As pessoas começam a sentir uma melhoria na energia só com um mês de consumo regular e isso, obviamente, afeta no geral o estado emocional da pessoa. Ela tem muito mais vontade e disponibilidade para as suas atividades diárias", garante Santos.
Na Semana Verde, a empresa está a lançar o seu novo produto. O pó de mucuna pruriens, também conhecido como feijão-da-flórida. Rico em levodopa, o mucuna contribui para o aumento da produção de dopamina.
"É uma substância que ajuda desde a melhoria da coordenação motora, a melhoria da concentração. Também afeta a componente da libido, tanto nas mulheres como nos homens", descreve o diretor-geral da empresa.
Apoio a doentes
Uma particularidade do mucuna é que o suplemento pode ser usado para apoiar o tratamento da síndrome de Parkinson, que se caracteriza pelo défice de dopamina no cérebro.
"Os sintomas são tratados com medicamentos à base de dopamina e esta é uma fonte natural de dopamina. É um produto que já é bastante usado na cultura oriental, na Índia, e agora o mundo ocidental começa a acordar para este tipo de produtos. No caso do Parkinson, tem efeitos colaterais muito menores ou quase nenhuns, comparado com a medicação normal", afirma Alexandre Santos.
Apesar dos benefícios para a saúde, os suplementos alimentares não são medicamentos.
"Certamente, não é um medicamento e, no caso das pessoas com Parkinson, teria-se sempre que usar com a indicação do seu médico", esclarece.
Entretanto, garante que os benefícios do consumo do mucuna e da moringa são comprovados pelo seu uso tradicional, mas também por estudos científicos.
"No nosso sítio na internet vamos tendo o cuidado de colocar trabalhos científicos publicados para que as pessoas também possam, por si, fazer a sua pesquisa naqueles documentos e depois podem, a partir daí, encontrar outros eventualmente", acrescenta Santos.
Mercado europeu
No momento, os produtos são comercializados apenas em Moçambique e ainda não estão certificados para a comercialização na Europa.
A Semana Verde de Berlim é a mais importante feira internacional para a indústria alimentícia, agricultura e horticultura.
Alexandre Santos diz que já há produtos deste tipo na Europa, mas acredita no diferencial da sua marca que é não haver intermediários entre o produtor e o distribuidor.
"Há um longo caminho que, na realidade, traz desconhecimento sobre a origem e a qualidade do produto. O diferencial que queremos trazer é o produto que vem diretamente do produtor. Então, a gente produz, processa, empacota e controla a maior parte da cadeia", conclui.
Produtores e comerciantes da indústria agrícola global apresentam e comercializam os seus produtos na Semana Verde até o próximo dia 26 de janeiro.