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PolíticaMarrocos

Marrocos: Não são esperadas mudanças após as eleições

Cathrin Schaer
8 de setembro de 2021

Em Marrocos, perto de 18 milhões de eleitores são chamados às urnas hoje nas eleições legislativas e locais. Aqui será conhecido o destino do PJD, partido no poder há uma década e que procura uma terceira vitória.

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Wahlen in Marokko | 2016
Foto: Jalal Morchidi/AA/picture alliance

Estas eleições de quarta-feira (08.09) trazem novas regras eleitorais, recentemente implementadas, mas nem os especialistas nem os marroquinos esperam que traga a mudança há muito prometida.

Entre as novas regras - que incluem alterações à quota de mulheres, por exemplo - a mais controversa é, sem dúvida, a de coeficiente eleitoral único, um novo método de cálculo segundo o qual os assentos no Parlamento serão distribuídos com base no número total de eleitores elegíveis e não do número de eleitores que efetivamente votaram.

Uma regra que poderá baralhar a "matemática” dos partidos, segundo diz o professor universitário especializado em política do Norte de África, Mohamed Daadaoui.

"Nunca ninguém poderá ganhar a maioria dos lugares no Parlamento marroquino por causa da forma como os distritos são sorteados. É preciso ter sempre uma pluralidade, o que significa que será obrigado a entrar num Governo de coligação", prevê.

Wahlen in Marokko | Parlament 2017
Parlamento marroquinoFoto: Jalal Morchidi/AA/picture alliance

"As alterações ao coeficiente eleitoral tornam as coisas ainda mais difíceis", acredita Daadaoui.

Poucas mudanças

O académico radicado nos EUA prevê que a afluência às urnas em Marrocos seja inferior aos 43% registados nas eleições de 2016, devido à desilusão com o sistema político, bem como por causa da pandemia da Covid-19.

Defende que estas eleições não irão mudar muito a trajetória política do país, uma tese partilhada por Zakaria, um funcionário público de 38 anos, que mostra total descrença: "Precisamos de deputados que trabalhem para o país, não apenas para si próprios. As pessoas estão a ficar cansadas de repetir a mesma experiência política que nada conseguiu".

E o cidadão promete: "Votarei em quem quer trabalhar para os cidadãos e para o país". Mas os programas de todos os partidos são quase os mesmos”.

As esperanças

Bauke Baumann, chefe do chefe do escritório alemão da Fundação Heinrich Böll na capital marroquina, espera, ainda assim, que o Governo que eventualmente emergir seja capaz de agir sobre o novo modelo de desenvolvimento do país, anunciado em finais de maio deste ano, criado pelo próprio rei Mohammed VI.

Wahlen in Marokko | Markt in Marrakesch
Um mercado de MarraquechFoto: Mosa'ab Elshamy/AP/picture alliance

"A questão é até que ponto isso pode ser implementado e, claro, será muito mais uma questão de vontade política, e em Marrocos, vontade política significa não só o Governo mas também todas as outras instituições que não são eleitas", afirma.

As eleições irão determinar quem serão os 395 deputados da câmara baixa do Parlamento, a Câmara dos Representantes, e mais de 31 mil eleitos municipais e regionais.

A campanha eleitoral foi dominada pelo confronto de três partidos: a União Nacional de Independentes (UNI), o Partido Justiça e Desenvolvimento (PJD), no poder, e o Partido Autenticidade e Modernidade (PAM), com acusações de utilização massiva de dinheiro para compra de candidatos e de votos.

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