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Eleições em Moçambique: Campanha fraca na Alemanha

Cristiane Vieira Teixeira (Berlim)
2 de outubro de 2019

MDM recorre às redes sociais e faz campanha porta-a-porta. RENAMO apela ao interesse pelo voto e espera que "manobras" atrapalhem votação. Partidos da oposição reclamam de problemas no recenseamento. CNE refuta acusação.

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Berlin | Weltzeituhr am Alexanderplatz
A praça Alexanderplatz, no centro de BerlimFoto: Imago Images/A. Hettrich

Constâncio Pedro Maulana, delegado da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) na Alemanha, afirma que o eleitor na diáspora já estaria desanimado. Por isso, a mensagem do partido é de esperança e luta.

 "É fazer ver que não votando, perdendo a esperança, perdendo o sonho de um futuro melhor para o nosso país não pode ser uma solução ficar passivo e não reagir, defende e questiona "vamos admitir assim impávidos, passivamente, que o regime continue a destruir o país? Continue a vender os recursos naturais daquele povo e o futuro da geração vindoura?”.

A campanha da RENAMO na Alemanha tem sido feita com restrições, uma vez que faltam fundos ao partido e há dificuldades para se chegar ao eleitor.

"Nós não temos muito material, dependemos da central [do partido], porque também não temos fundos, não temos dinheiro. E ainda muitos trabalham, não só em turnos, também nos fins de semana. Portanto, tínhamos que avisar com quase um mês de antecedência  para que as pessoas falem com os chefes para serem dadas o tempo livre ou o dia livre,” revela.

Constâncio Pedro Maulana espera que a votação seja pacífica, mas não descarta a possibilidade de problemas.

"Oficialmente, as eleições vão ser realizadas nos consulados. Mas não vamos nos surpreender se ouvirmos que numa cidade como Colónia ou numa casa privada em Leipzig as eleições vão ser feitas. Porque essas são manobras a que estamos habituados. São fraudes bem organizadas pelo partido no poder," afirma o delegado da RENAMO na Alemanha.

Fahne MDM
Foto: DW/C. V. Teixeira

MDM quer ser a voz dos moçambicanos na diáspora

A campanha do Movimento Democrático de Moçambique (MDM)tem sido feita por meio das redes sociais, mas também porta-a-porta, diz Benjamim Ndiambuana, delegado do MDM na Alemanha.

"Passamos a nossa palavra a pedir o voto das pessoas. Metemos lá [nas redes sociais] os nossos anúncios, as nossas informações a sensibilizar o povo moçambicano cá na diáspora a refletir sobre a situação política do país," conta.

Benjamin Ndiambuana
Benjamim NdiambuanaFoto: DW/C. V. Teixeira

O partido foca sua mensagem nas demandas dos eleitores residentes no país e tem a expectativa de alcançar votos suficientes para eleger o deputado pelo círculo da Europa.

"Caso venhamos a ganhar nessas eleições, a nossa missão será estar sempre em contato com a população moçambicana aqui na Alemanha para auscultar os problemas que a nossa população aqui tem e levar essas preocupações para a Assembleia da República, de modo que se debata e saia alguma solução," explica Benjamim Ndiambuana.

O MDM espera que a votação decorra com tranquilidade.

"Sem problemas nem tiros. Aqui não há isso de andar a ameaçar as pessoas. ((Não tem nenhuma pessoa que anda por aí com pistolas ou a desligar as luzes, como tem sido em Moçambique, só para poder atrapalhar os votos, trocar os votos. Aqui não. A luz está [a funcionar] 24 sobre 24 [horas] e estamos felizes de estar aqui," afirma.

CNE Mosambik
Sede da CNE em MaputoFoto: DW/R.daSilva

Problemas no recenseamento

Os representantes dos partidos reclamam de dificuldades enfrentadas durante o recenseamento na diáspora.

"Pouca gente foi registada. Havia se dito que as pessoas deveriam se recensear nos consulados. Nesses consulados, a comissão, o STAE, nas horas ditas, às vezes não estavam nos lugares. As pessoas vinham, não lhes apanhavam nos sítios que foram indicados," explica Benjamim Ndiambuana do MDM.

Constâncio Pedro Maulana da RENAMO confirma.

"No tempo do registo dos eleitores, as informações foram, em muitos casos, muito cedo anunciadas para os membros do partido no poder, a FRELIMO, e a curto prazo de tempo para os opositores," critica.

Eleicoes mocambicanas na Alemanha OL - MP3-Stereo

"Houve uma equipa que estava aqui em Dresden. Ninguém me disse. No último dia do registo, havia um anúncio de que lá estaria a equipa. Eu fui para Berlim e lá já não estava a equipa. Não há respeito pelo direito do cidadão e, quanto mais as pessoas estão desinformadas, o regime está muito contente,” afirma o delegado da RENAMO.

Por telefone, o porta-voz da Comisso Nacional de Eleições (CNE), Paulo Cuinica, refuta as acusações.

"Durante o recenseamento, os partidos políticos tiveram o direito de indicar os seus fiscais que estariam a trabalhar com a brigada. Todo o processo de recenseamento tem janelas para reclamações. Então, quando essas reclamações aparecem hoje, há menos de duas semanas do dia da votação, só podem ser mesmo de má fé," rebate.

"As brigadas de recenseamento no estrangeiro são móveis. Elas são publicitadas, quando estão num local, e quando se retiram desse local para um outro local também são publicitadas," esclarece o porta-voz da CNE.

A DW África procurou o representante da FRELIMO na Alemanha, mas ele não se disponibilizou para uma entrevista.

De acordo com a CNE, 2479 eleitores estão inscritos para votar no exterior. 660 deles, na Alemanha. Haverá votação ainda em Portugal, África do Sul, Eswatine, Zimbabué, Zâmbia, Tanzânia e Quénia.

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