Eleitores do Togo escolhem novo Presidente
22 de fevereiro de 2020Os eleitores do Togo foram às urnas este sábado (22.02) para eleger um novo Presidente. Com a oposição desarticulada, a expetativa é que o atual Presidente, Faure Gnassingbé, candidato a um quarto mandato, vença o pleito com ampla vantagem e garanta o domínio de meio século de sua família na única nação de África Ocidental comandada por uma ditadura familiar.
Os seis candidatos da oposição que concorrem às eleições presidenciais são inexpressivos. A oposição fragmentada do Togo não conseguiu escolher um candidato comum e alguns partidos chegaram a pedir um boicote às eleições deste sábado.
"Houve alguns incidentes menores em todo o país. Mas, em geral, tudo está a correr bem: Há muita participação e tudo está em silêncio. Estou muito confiante, essa é a minha natureza", afirmou Faure Gnassingbé.
Jean-Pierre Fabre, candidato da oposição, disse que não confia na contagem dos votos. "Antes desta eleição, fizemos várias demandas, todas rejeitadas pelo regime, como, por exemplo, a autenticação dos boletins de voto e a publicação dos resultados para cada assembleia de voto. Isto nos deixa muito desconfiados, por isso estamos muito vigilantes. Pessoalmente, não acredito que o Togo tenha eleições transparentes", sublinhou.
Mudanças?
Em Lomé, alguns eleitores saíram cedo para votar na esperança de que a eleição traga as mudanças necessárias. "Sofremos muito no Togo, desta vez tem que mudar", disse o motorista Eric, de 30 anos, perto de um centro de votação. O Togo é um dos países mais mal classificados no Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas e mais da metade da população vive abaixo da linha da pobreza.
Faure Gnassingbé está no poder desde 2005, aquando da morte de seu pai Gnassingbé Eyadéma depois de governar o país por 38 anos. As autoridades enfrentaram grandes protestos em 2017 e 2018, exigindo o fim das cinco décadas do regime que falhou em tirar muitos da pobreza. Entretanto, as manifestações esgotaram-se diante da repressão do Governo e das disputas entre a oposição.
O atual Presidente já foi reeleito duas vezes, em 2010 e 2015. Uma emenda constitucional aprovada em 2019 limitou o cargo de Presidente a dois mandatos, mas vai ter efeitos apenas nas eleições subsequentes. Assim, Faure Gnassingbé pode concorrer nesta e nas próximas eleições, com chances de manter-se no poder até 2030. "Não sinto-me um ditador", disse Gnassingbé em entrevista à agência de notícias francesa AFP.
Os resultados são esperados nos próximos dias. Durante a campanha eleitoral, Gnassingbé defendeu a estabilidade e a segurança, devido à violência jihadista que abala a vizinha Burkina Faso ao norte. O Togo conseguiu conter o avanço do extremismo no país, com o exército e os serviços de inteligência a serem considerados os mais eficazes da região.