Eleições autárquicas: Relógio em contagem decrescente
9 de outubro de 2023Enquanto os eleitores refletem e ponderam sobre a sua intenção de voto, cabe aos órgãos eleitorais se prepararem para receber milhões de eleitores por todo o país.
Em declarações à agência Lusa, a Comissão Nacional de Eleições (CNE), através do seu porta-voz, Paulo Cuinica, afirma que Moçambique já tem o material necessário para as sextas eleições autárquicas que decorrem na próxima quarta-feira.
"Alguns distritos já receberam o material, alguns estão a receber neste momento. Agora, o percurso é entre o armazém provincial e o armazém distrital, de modo a que nos dias dias 9 e 10 e até madrugada de dia 11 todo o material esteja nas mesas de votação."
Maputo, capital de Moçambique, e um dos palcos principais das eleições do próximo dia 11, já está preparada para receber os seus eleitores.
A correspondente da DW Árica em Maputo, Silaide Mutemba, relata-nos que o processo da formação dos membros das mesas voto está a correr dentro das expetativas.
"Os conteúdos ministrados nestas formações davam primazia a questões de prevenção, ilícitos eleitorais e também e explicação exaustiva sobre a lei eleitoral e a lei fundamental (Constituição), procurava-se fazer o cruzamento entre elas", diz.
Preparativos ainda em curso
Apesar de cidades como Maputo estarem a finalizar os meios e condições necessárias para receber os seus eleitores, há outras regiões do país cuja organização ainda está a decorrer.
Exemplo disso é a província de Cabo Delgado. Numa região onde estão inscritos mais de 860 mil eleitores, a Comissão Nacional Eleições recorreu a meios aéreos para transportar material e membros das mesas de votos, devido às questões de segurança.
"Estamos a preparar tudo para que a votação tenha luga. O único se não que existe é que utilizamos meios aéreos para transportar material e MMVs para o Ibo, Mocímboa da Praia e Moeda", conta Cuinica.
Numa região em conflito armado há mais de 6 anos, o porta-voz da CNE preferiu jogar pelo seguro: "Não queremos correr riscos de de repente surgir alguém, por exemplo, a impedir que um carro passe."
No que toca ao controlo da qualidade e veracidade no dia do voto, a CNE informou que estão destacados mais de 14.300 observadores nacionais e 73 internacionais das missões diplomáticas acreditadas em Moçambique.
No que diz respeito à segurança em torno das mesas de voto, quer dos membros das assembleias, quer dos próprios eleitores, a polícia da República de Moçambique pediu aos eleitores para votarem e voltarem para casa, alertando para o risco de as multidões provocarem "desordem".
Enquanto os eleitores refletem e os órgãos eleitorais se organizam, mais de 11.500 candidatos de 11 partidos políticos, três coligações de partidos e oito grupos de cidadãos arrumam as bancas de campanha onde durante as duas últimas semanas, desfilaram, discursaram e hastearam em nome das suas cores políticas.
O desfecho da caça ao voto
Nos 13 dias de campanha eleitoral, registaram-se alguns incidentes.
No entanto, a Polícia de Moçambique, tal como o Presidente da República, Filipe Nyusi, destacaram e elogiaram um ambiente pacifico e ordeiro.
No último programa especial da DW África a partir de Moçambique, analistas moçambicanos concordam com estas visões institucionais.
Para Dércio Alfazema, analista político, considera que esta campanha eleitoral, no geral, surpreendeu pela positiva, "tendo em conta o nível de cordialidade entre os diferentes grupos concorrentes, também a questão do civismo e respeito pelo outro e o alto nível de participação que caraterizou este ambiente de campanha eleitoral."
Em sintonia, José Malaire, pesquisador e professor universitário, realça que havia receio de uma violência ativa durante a campanha, algo que não se veio a confirmar.
"Surpreendentemente houve menos violência do que se receiava, embora ao longo do curso houve situações relacionadas com panfletos e materiais de campanha."
Daqui a precisamente um ano, Moçambique terá eleições gerais. Mas tudo pelas autárquicas e já na próxima quarta-feira (11.10) que os eleitores moçambicanos vão escolher 65 novos autarcas.