DW fecha retransmissor em Kigali após 50 anos agitados
A Deutsche Welle encerrou o seu último centro retransmissor de onda curta em Kigali, capital do Ruanda, no dia 28 de março de 2015. Despedimo-nos com um álbum de fotos da estação.
Adeus, Kigali!
Já foi fechado o último centro retransmissor da DW, que fica nas montanhas de Kigali, a 1500 metros acima do nível do mar. O edifício vai ser demolido. Para quem aqui trabalhou, Kigali será sempre uma casa com algumas memórias boas e outras mais dolorosas.
O início
Em 1963, os governos da República Federal da Alemanha e do Ruanda concordaram com a instalação do centro retransmissor em Kigali. Hans Otto Wesemann (à esq.), o primeiro diretor-geral da DW, assinou o memorando de entendimento com o então Presidente do Ruanda, Gregoire Kayibanda (à dir.). O centro de retransmissão iria receber sinais radiofónicos de Colónia e retransmiti-los para África.
Construção e demolição
A estação retransmissora foi construída num espaço de 75 hectares (750 mil metros quadrados), fora de Kigali. Tinha alojamento para os trabalhadores, mastros de antenas e edifícios para o transmissor, bem como um complexo de estúdios. Com o crescimento de Kigali, que tem agora mais de um milhão de habitantes, a estação passou a fazer parte da cidade.
"Ouvida nos países vizinhos"
"Toda a gente na DW sabe que está a ser construída em África uma estação retransmissora. Mas nem toda a gente sabe onde e como está a ser construída", lia-se numa revista da DW em 1964. "A estação com 600 watts pode transmitir para todo o Ruanda durante o dia e ser ouvida em países vizinhos como Congo, Uganda, Tanganica (atual Tanzânia) e Quénia."
Trabalho e casa
Com esta nova estação retransmissora, a DW conseguiu chegar a muito mais ouvintes de onda curta em África. Mais de uma dúzia de engenheiros da DW e cerca de 100 trabalhadores locais viviam e trabalhavam nas instalações da estação. Não era apenas uma estação transmissora, era uma casa.
Visita do ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha Ocidental
Oficiais alemães eram vistos com frequência em Kigali. Alguns preferiam a estação – com toda a sua vegetação – ao edifício da embaixada na cidade. Todos os que aqui trabalhavam tiveram a oportunidade de conhecer estes oficiais e outros convidados. Em 1978, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha Ocidental e vice-chanceler, Hans-Dietrich Genscher (ao centro), visitou o centro.
Uma cerveja depois do trabalho
"O pub alemão na estação retransmissora era muito popular", recorda Gerd Höfs (o segundo à esquerda), que aqui trabalhou como engenheiro entre os anos 70 e 80. O pub já não existe. Gerd Höfs ainda trabalha para a DW, em Bonn.
Testemunha do genocídio
A estação retransmissora também assistiu ao capítulo mais negro na história do Ruanda. Durante o genocídio de 1994, mais de um milhão de pessoas foram mortas em 100 dias. Entre as vítimas estavam trabalhadores ruandeses da DW.
Um novo começo
O genocídio deixou marcas profundas no Ruanda. Também a vida no centro retransmissor nunca mais foi a mesma. Quatro trabalhadores alemães da DW voltaram para a estação em agosto de 1994. Outros 68 trabalhadores locais também regressaram.
A visita do Presidente
Em 2008, o então Presidente alemão Horst Köhler (à dir.) visitou o complexo do centro retransmissor de Kigali. Sendo um fervoroso apoiante de África, Köhler tentou chamar a atenção das pessoas para as oportunidades que o continente tem para oferecer.