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‘Dos Santos é símbolo de uma Angola do passado’, afirma especialista alemão

3 de setembro de 2012

Os resultados parciais das eleições gerais em Angola estão a repercutir por todo o mundo. Na Alemanha, especialista da Fundação Friedrich Ebert afirma que nada irá mudar.

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Oliver Dalichau, Wissenschaftler der Friedrich Ebert Stiftung. Copyright: DW/Cristiane Vieira 03.04.2012, Bonn
Oliver Dalichau Friedrich Ebert StiftungFoto: DW

Um novo mandato para José Eduardo dos Santos. Um resultado já esperado por muitos, mas ainda assim, bastante criticado.

Oliver Dalichau, especialista em África Ocidental e Central, da fundação alemã Friedrich Ebert, há mais de 20 anos presente em Angola, considera a permanência de José Eduardo dos Santos no poder a garantia de que não haverá mudanças.

‘Ele é o símbolo duma Angola do passado’, afirma Dalichau, para quem as reformas políticas, sociais e económicas não vão realizar-se nos próximos anos.

‘Penso que vamos constatar o mesmo nível de corrupção e da não transparência das decisões também no futuro. A política do governo não vai mudar’, diz.

Oposição sem credibilidade entre os eleitores

Os resultados parciais, depois de apurados quase 95% dos votos, mostram que o MPLA obteve cerca de 72%, enquanto a oposição não alcançou os 30%, mesmo somando os votos recebidos por todos os partidos.

Para cientista político alemão, oposição não conquistou credibilidade entre os eleitores angolanos
Para cientista político alemão, oposição não conquistou credibilidade entre os eleitores angolanosFoto: AP

O cientista político alemão explica que o problema é que os representantes da oposição não são considerados credíveis e o programa político também não é considerado melhor que o do governo.

Ele diz ainda que o partido no poder era presente de forma absoluta no país durante a campanha eleitoral.

‘A oposição não tinha as mesmas possibilidades e fica agora numa situação difícil. Fazem parte do sistema político, sem ter uma oportunidade de, no futuro, influenciar as decisões do Parlamento’, garante.

Abstenção, um desafio para a democracia

Especula-se que tenha havido uma grande abstenção dos eleitores nestas eleições gerais. Um sinal de que a democracia ainda tem um longo caminho pela frente no país, uma vez que, em Angola, muitas pessoas não têm contato com o mundo político.

Grande volume de abstenções é considerado mau sinal para a democracia
Grande volume de abstenções é considerado mau sinal para a democraciaFoto: DW

‘O povo normal tem outros problemas, socialmente e economicamente e, às vezes, os políticos nos vários países não têm interesse de explicar o sistema ou as decisões’, garante.

Na avaliação de Oliver Dalichau, especialista em África Ocidental e Central, da fundação alemã Friedrich Ebert, a sociedade civil herda uma maior responsabilidade em Angola.

‘Nesta situação, a sociedade civil deve ser um ator importante. É ela quem vai lembrar o governo de distrubuir a riqueza numa fração melhor e sobre como lutar por uma liberdade pessoal para mais democracia e mais justiça social’, conclui.

Autora: Cristiane Vieira Teixeira
Edição: António Rocha

03.08.12 Angola - FES - MP3-Mono