Do luxo à decadência - o Grande Hotel da Beira
O Grande Hotel da Beira trazia o título "O Orgulho da África". Com a guerra civil, entrou em decadência. O que era o "esplendoroso" hotel é hoje um esqueleto de cimento, cinza e negro. Mas ainda há vida no hotel.
Do luxo à decadência
A festejada inauguração do Grande Hotel da Beira trazia o título "O Orgulho da África". Mas com a guerra civil moçambicana, o empreendimento realmente entrou em decadência. O prédio foi esvaziado e veio a servir de abrigo para refugiados. O que era o "esplendoroso" hotel é hoje um esqueleto de cimento, cinza e negro.
Sinais do abandono
O hotel está localizado na Avenida Mateus Sansão Muthemba, no bairro da Ponta Gêa, quinze minutos à pé do centro da cidade. O Grande Hotel nunca teve muito sucesso comercial, nem no tempo colonial português, e foi abandonado pelos donos. A construção ficou escurecida por todos os lados pela ação do tempo e falta de manutenção.
A natureza reconquista o lugar
O empreendimento português oferecia 110 suítes luxuosas em 12 metros quadrados. Mas hoje em dia pouco resta do esplendor dos tempos em que estava a funcionar como hotel. A natureza começa a recuperar o espaço. Crescem árvores nos balcões do prédio.
Cenário para filmes
O foyer do hotel tem o tamanho de um ginásio desportivo. Nas extremidades, a luz entra pelas imensas janelas e crianças aproveitam para brincar no local. O cenário é estranho e atrai jornalistas, escritores e realizadores. O antigo hotel já serviu de cenário para vários filmes como "Hóspedes da Noite", do brasileiro Licínio Azevedo, e "Grande Hotel", da belga Lotte Stoops.
Quiosques nos corredores vazios
Onde antigamente passavam os empregados do hotel para servir os clientes, encontram-se espaços vazios. Em diversos cantos, alguns moradores vendem bebidas, comidas e outros produtos.
Escadarias sem corrimãos
A maioria dos moradores quer sair do Grande Hotel. O lugar não oferece muitas condições e nem é seguro. Nas escadarias foram retirados, ao longo dos anos, os corrimãos. Quem não tiver cuidado, arrisca uma queda de vários andares que pode ser mortal.
Fogueira de lenha no Grande Hotel
No chão de cimento – há muito tempo que as alcatifas desapareceram –, um fogo de lenha de carvão serve para cozinhar. Num hotel normal, o fumo riria acionar o alarme de fogo. Aqui, no Grande Hotel da Beira, já há muito tempo que não há alarmes.
Lixo: um dos maiores problemas
Uma dor de cabeça para muitos moradores são os detritos que se acumulam nas partes baixas do Grande Hotel. Chegam a ter vários metros de altura – um risco para a higiene de todos os moradores. De vez em quando, há ações de limpeza e a comissão dos moradores tenta melhorar a recolha de lixo, mas muitas vezes em vão.
4.000 moradores
Onde antigamente 110 suítes luxuosas eram ocupadas por não mais de 250 pessoas, vivem hoje aproximadamente 4.000 pessoas. Terraços, antigos quatros de serviço e espaços em baixo de escadas servem para os "apartamentos" de hoje. Muitos chegaram como refugiados da guerra civil. Porém, antes de poder morar aqui, quase todos tinham que pagar uma comissão a outros moradores.
Vistas
As secções que ligavam as várias partes do hotel já não têm janelas. Abrem-se vistas bonitas. De um lado, para o centro da Beira – o Grande Hotel fica apenas a quinze minutos à pé do centro da segunda maior cidade de Moçambique. Do outro lado é possível ver o Oceano Índico a poucos metros do Grande Hotel, apenas separado do mar pela avenida marginal.
Que futuro para o Grande Hotel?
A piscina do Grande Hotel já há muito tempo não vê nenhum turista a tomar banho. Qual o investidor que teria interesse pelas ruínas de um hotel que já estava decadente mesmo durante a administração portuguesa? A maioria dos moradores do Grande Hotel não conta que vão ter que ceder o seu espaço para que o Grande Hotel possa ressuscitar e abrigar de novo turistas nas suas suites de luxo.