Detido em Moçambique oficial de alta patente
6 de novembro de 2019Contatados pela DW, a polícia e a procuradora provincial não confirmaram nem desmentiram a detenção do comandante chefe do Grupo de Operações Especiais (GOE), Tudelo Macauze. Mas em declarações à agência de notícias portuguesa Lusa, o porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique confirmou que o oficial está detido.
Anastácio Matavel, representante da plataforma de observação eleitoral Sala da Paz, foi morto a tiro em outubro por quatro polícias do GOE e um civil, quando saía de uma ação de formação de observadores eleitorais, em Xai-Xai, na província de Gaza.
Processo em segredo de justiça
Em entrevista à DW África, a procuradora chefe provincial, Emília Benedita Chirindza, apesar de não se pronunciar sobre a detenção, garante que o oficial da Polícia da República de Moçambique está a ser ouvido por alguns órgãos de administração da justiça.
A procuradora manifestou preocupação em relação à circulação de informações sobre a detenção do comandante do Grupo de Operações Especiais que foi suspenso, numa altura em que o processo está em segredo de justiça.
"Nenhuma informação devia estar de domínio público. É caso para questionar. O processo está a ser trabalhado por um número restrito de técnicos e de profissionais, em que momento é que essa informação foi posta nas redes sociais? É preocupante. O que podemos confirmar é que, de facto, o processo está em curso, mas não há muito que se possa dizer neste momento", disse Chirindza à DW.
Mas detenções possíveis
Para Carlos Mhula, da Liga dos Direitos Humanos em Gaza, ainda que as autoridades não confirmem a detenção, não têm como contornar o assassinato de Anastácio Matavele. "Como sociedade estamos interessados nos mandantes, porque as unidades especiais não têm poderes nem iniciativas de saírem das suas unidades militares e irem atirar seja contra quem for", disse Mhula, adiantando ser "inevitável a detenção destes dirigentes".
Mhula acredita que mais pessoas poderão vir a se ser detidas pela morte de Anastácio Matavele, que também era diretor executivo do Fórum de Organizações Não-Governamentais de Gaza (Fonga).