1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Detenção de militantes do MADEM-G15 agita Guiné-Bissau

DW (Deutsche Welle) | Lusa
4 de fevereiro de 2024

Doze militantes do partido de Braima Camará foram detidos, este sábado, algumas horas, no aeroporto de Bissau, por desobediência. Líder do PRS diz que "democracia" está em causa e anuncia "frente única" para a salvar.

https://p.dw.com/p/4c1o6
Braima Camará, líder do partido MADEM-G15
Braima Camará, líder do partido MADEM-G15, denuncia "ditadura" na Guiné-BissauFoto: Alison Cabral/DW

Num vídeo posto a circular nas redes sociais, este sábado (03.02), é visível a revolta do coordenador do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM - G15), Braima Camará, com o facto de militantes e simpatizantes do seu partido terem sido proibidos de o receber no aeroporto de Bissau.

"Isto é intolerante. Não é normal. Voltei ao meu país para morrer aqui. Basta. Isto é ditadura", afirmou Braima Camará, que estava a ser puxado pelos braços por dirigentes do seu partido para uma viatura.

O líder do MADEM-G15 chegou, este sábado, a Bissau após uma visita privada de alguns dias a Lisboa.

Segundo fontes contactadas pela DW, as forças de segurança invocaram "ordem superior" para impedir a receção do líder do partido, que faz parte do Governo de iniciativa presidencial.

Doze militantes do MADEM-G15, entre os quais o deputado Bamba Banjai, foram detidos, durante algumas horas, pela polícia, que considerou que aqueles desobedeceram às ordens para se retirarem das instalações do aeroporto.

Botche Candé, Ministro do Interior e Ordem Pública da Guiné-Bissau
Botche Candé, Ministro do Interior e Ordem Pública da Guiné-BissauFoto: DW/F. Tchumá

O Ministro do Interior e Ordem Pública, Botche Candé, disse, este domingo (04.02), que existem novas diretrizes de acesso às instalações do aeroporto internacional Osvaldo Vieira, segundo as quais não era permitido a entrada de pessoas para a receção de quem esteja a chegar ao país.

"Democracia em causa"

Já este domingo (04.02), o presidente interino do Partido da Renovação Social (PRS), Fernando Dias, afirmou que o que aconteceu com os militantes do MADEM-G15 revela que "a democracia está a ser posta em causa" na Guiné-Bissau, "sem que a comunidade internacional se pronuncie", notou.

"Onde é que está a União Africana, onde é que está a CEDEAO (Comunidade Económica de Estados da África Ocidental), onde é que está a União Europeia, onde é que estão as Nações Unidas. Será que não estão a acompanhar, não têm representações aqui na Guiné-Bissau", questionou o líder do PRS.

Acompanhado de Nuno Nabiam, ex-primeiro-ministro e atual líder da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), Fernando Dias visitou Braima Camará na sua residência.

Fernando Dias anunciou igualmente que, "brevemente" será criada uma "frente única para a salvação da democracia" na Guiné-Bissau.

Fernando Dias, presidente interino do Partido da Renovação Social (PRS)
Fernando Dias, presidente interino do Partido da Renovação Social (PRS)Foto: Iancuba Dansó/DW

"Não podemos permitir que a ditadura seja implementada na Guiné-Bissau", que, disse, conheceu a democracia "já lá vão muitos anos".

Vários observadores atentos à política guineense apontam que as relações entre Braima Camará e o Presidente Sissoco Embaló se deterioraram e os dois estão de costas voltadas. O mesmo se passa com os líderes do PRS e APU-PDGB.

Também em declarações aos jornalistas, à saída da residência de Braima Camará, o líder da APU-PDGB, Nuno Nabiam, atualmente Conselheiro Especial de Sissoco Embaló, disse que não vê razões de impedimentos de ações políticas e considerou a detenção de militantes do MADEM-G15 como "algo fora do normal e antidemocrático".

LGDH e PAI-Terra Ranka condenam detenções

Em comunicado, a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) condenou aquilo a que chama de “detenções ilegais e abusivas".

“Este ato arbitrário vem-se juntar a tantos outros que têm sido praticados pelo Ministério do Interior, liderado pelos Senhores Botche Candé e José Carlos Macedo Monteiro, no quadro de cumprimento de “Ordens Superiores”, configurando estas uma estratégia ditatorial de confiscar os direitos e liberdades fundamentais constitucionalmente assegurados à todos os cidadãos”, acrescenta.

Também a coligação PAI-Terra Ranka disse, este sábado, num comunicado citado pela imprensa guineense, "condenar, de forma veemente, esta e outras ações arbitrárias, que visam coartar os direitos dos cidadãos e pôr em causa a Constituição da República da Guiné-Bissau".

Saltar a secção Mais sobre este tema