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"Depois do silêncio", aí estão os "Tabanka Djaz"

João Carlos (Lisboa)10 de dezembro de 2013

11 anos depois do seu último disco, os "Tabanka Djaz" estão de regresso com um novo CD, intitulado “Depois do silêncio”. O álbum, apresentado em Lisboa, evoca num dos seus temas a terra natal, Guiné-Bissau.

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Tabanka Djaz no espetáculo de lançamento do seu íltimo CDFoto: Joao Carlos

Existem há praticamente 25 anos. É considerado um dos grupos de referência na história da música guineense, que alcançou a fama dentro e fora do país. Os “Tabanka Djaz” acabam de lançar em Lisboa, Portugal, o seu novo trabalho, depois de onze anos de silêncio.

Durante este período, a Guiné-Bissau fez a travessia do deserto. A imagem do país ficou marcada por vários golpes de Estado e assassinatos de dirigentes políticos e chefias militares, entre outros.

O passado, o presente e o futuro ainda sombrios não deixam de inquietar os músicos, os fazedores de cultura guineenses, que através das suas canções e outras formas de arte exaltam com amargura, mas também com esperança, o desejo de ver renascer o país natal.

Mikas Cabral não desmente este sentimento: "Nós olhamos a Guiné com muita tristeza, infelizmente a Guiné é uma sombra daquilo que foi. O país foi brilhante quando fez a luta de libertação, o pós-independência foi brilhante em termos de desenvolvimento."

Guinea-Bissau Tabanka Djaz
Mikas Cabral, membro da bandaFoto: Joao Carlos

O começo do fim

E o membro da banda lembra o pontapé da saída das desgraças: "Mas após o 14 de novembro de 1980, a Guiné caiu num abismo inexplicável. É muito doloroso ver a nossa terra com grandes recursos humanos e materiais na situação em que se encontra."

Também a emigração compulsiva é algo que não agrada aos "Tabanka Djaz": "Sempre vivemos na Guiné-Bissau, mas por causa dos conflitos e desavenças entre os homens hoje temos que viver na Europa, não só para os "Tabanka Djaz", como para todos os guineenses que vivem longe da Guiné, é uma tristeza para todos nós."

Os "Tabanka Djaz" inspiraram-se nos costumes e tradições das aldeias e transportam para as suas canções as vivências dos guineenses, os seus sentimentos e sofrimentos, alegrias e tristezas.

Neste álbum cantam uma outra Guiné-Bissau, de esperança, que procura esquecer o passado, enaltecendo o que há de positivo: "Nós normalmente nos albuns anteriores criticavamos os políticos, desta vez cantamos de forma mais alegre, falamos de nós que estamos aqui e que somos emigrantes."

Guinea-Bissau Tabanka Djaz
Um dos membros da Banda nasceu em MoçambiqueFoto: Joao Carlos

Pouca fé nas eleições

Mas como a esperança é a última que morre, Mikas Cabral diz: "Temos fé que as coisas mudem. As eleições em si não resolvem nada, já tivemos uma série delas e não resolvemos nada, portanto, tudo passa pelos homens, e que comecem a olhar para a Guiné de uma forma diferente."

É o que retrata o tema “Guiné”, que faz parte do novo CD. Precisa o cantor e guitarrista: "É isso mesmo, retrata esse aspeto positivo da Guiné, essa vontade de voltar a terra. Há uma parte do tema que diz: nós com uma terra tão farta porque temos de pedir abrigo cá fora? Vir para a Europa passar frio e necessidades quando temos uma terra que nos possa acolher."

Sempre sorridente, Mikas Cabral fala do direito de voto dos imigrantes nas eleições gerais de 2014 como uma conquista, que reflete a vontade de todos os guineenses em contribuir para um futuro melhor: "No passado não nos deixaram participar, espero que desta vez possamos dar o nosso contributo. Eleger os nossos governantes é importante."

O grupo, do qual também faz parte um músico alémão (Lars Arens, trombonista), não perdeu a sua essência.

Continua a ocupar o seu espaço, embora num tempo diferente da época em que nasceu.

Guinea-Bissau Tabanka Djaz
Juvenal Cabral é outro membro dos Tabanka DjazFoto: Joao Carlos

Uma tabanka mais sólida

Agora com mais maturidade, a banda quer levar este novo álbum para outras latitudes geográficas, para marcar os seus 25 anos de carreira: "Vamos sempre aprendendo, então temos neste álbum toda essa experiência de 25 anos de carreira, sempre coladinhos à nossa Guiné."

Mikas Cabral espera encontrar uma oportunidade para a apresentação do CD também em Bissau.

E quem sabe um dia seja possível materializar uma ideia ainda tímida, no sentido de juntarem vários músicos guineenses num grande concerto pela reconciliação e estabilidade na Guiné-Bissau.

Depois de Portugal, os "Tabanka Djaz" já têm agendado para 2014 uma "tournée" por alguns países europeus, bem como atuações em Moçambique, Cabo Verde e, possivelmente, Angola.

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