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DDR: Ex-combatentes dizem que estão a "passar mal"

29 de junho de 2023

Ex-guerrilheiros da RENAMO contam à DW que vivem em "más condições". Foram desmobilizados da força militar do maior partido da oposição e continuam à espera do cumprimento das promessas do Governo da FRELIMO.

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António Carvalho é um dos ex-combatentes da RENAMO que foram desmobilizados no âmbito do DDRFoto: DW

António Carvalho deixou a força militar da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) em maio de 2022. Este antigo combatente estava numa das bases do maior partido da oposição na província de Manica. Agora, de regresso à terra natal, Quelimane, na Zambézia, gostaria de erguer a sua própria habitação, mas lamenta a falta de condições para tal.

"Parcelas nunca nos dão. Anteontem estive na administração. Prometem-nos em Zalala, mas não há. Eles dizem que há [terrenos] em Zalala, mas não nos mostram", afirma à DW África. "Não estamos satisfeitos. Estamos a ouvir o Presidente [da República, Filipe Nyusi,] a dizer que haverá pensões, mas não sei quando as receberemos. Todo o pobre tem de esperar até a morrer".

Promessas por cumprir

O Presidente da República, Filipe Nyusi, prometeu, na sequência do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos homens armados da RENAMO, que seriam pagas pensões de sobrevivência a todos os desmobilizados.

O maior partido da oposição tem recebido garantias do Governo de que há dinheiro para as pagar. Na sequência disso, a chefe do gabinete para os assuntos sociais dos desmobilizados da RENAMO na Zambézia, Maria Rita, diz que é preciso aguardar a resolução dos problemas com "tranquilidade".

Mosambik / Maria Rita
Maria Rita, chefe do gabinete para os assuntos sociais dos desmobilizados da RENAMO na ZambéziaFoto: DW

"Os beneficiários do DDR ainda estão a passar mal. Os primeiros desmobilizados até aqui só beneficiaram dos primeiros 12 meses. Depois, [essa ajuda] parou", relata. "Eu, como chefe deles, sempre recebo telefonemas; sempre digo que ainda não há nada, tranquilizo os desmobilizados para ficarem calmos."

A última arma

A última base da RENAMO em Vunduzi, distrito de Gorongosa, foi encerrada oficialmente a 15 de junho. O líder da RENAMO, Ossufo Momade, entregou a última arma dos ex-guerrilheiros ao chefe de Estado, Filipe Nyusi.

Mosambik / Paulino Lenço
Paulino Lenço, primeiro secretário da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) na ZambéziaFoto: DW

Na altura, o Presidente do país disse que foi inaugurado um novo capítulo na história da democracia em Moçambique.

Para Paulino Lenço, primeiro secretário da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) na Zambézia, o desarmamento dos antigos guerrilheiros da RENAMO simboliza um comprometimento total com a paz.

"O Presidente da República foi a primeira vez à serra de Gorongosa falar sobre a paz com [o antigo líder da RENAMO, Afonso] Dhlakama. Isso mostra que a FRELIMO é um partido que quer a paz duradoura, uma paz interna", considera.

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