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Eleições gerais no Zimbabué é motivo de discórdia

28 de setembro de 2012

O presidente do Zimbabué, Robert Mugabe (foto), quer marcar as eleições no país para março de 2013, depois de um referendo que ele propõe que seja realizado já em novembro deste ano.

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Data das eleições gerais no Zimbabué é motivo de discórdia
Data das eleições gerais no Zimbabué é motivo de discórdiaFoto: AP

O anúncio da intenção de promover eleições legislativas e presidenciais no ano que vem foi feito nesta quinta-feira (27.09) pelo ministro zimbabueano da Justiça Patrick Chinamasa, no tribunal em Harare. Alguns cidadãos já apelavam à realização de "mini-eleições" para preencher os lugares deixados vagos desde 2008. Porém o governo argumenta que não tem capacidade para realizar escrutínio este ano (2012), por duas razões, como explica Chinamasa.

"A primeira tem que ver com os custos. [Com as eleições] teríamos dois grandes eventos nacionais, como o referendo e as eleições gerais. Os custos seriam insustentáveis. O país não tem capacidade. A outra razão é que com vários eventos nacionais em seis meses, a agenda estaria congestionada", esclarece o ministro da Justiça do Zimbabué.

Agora, Chinamasa, aliado do presidente Robert Mugabe, quer as eleições para o próximo ano, em março. Recorde-se que no último escrutínio, em 2008, o adversário de Mugabe, Morgan Tsvangirai, foi o mais votado na primeira volta, o que resultou em uma onda de violência entre apoiantes dos dois candidatos.

Na altura, para evitar um banho de sangue, Tsvangirai aceitou retirar-se do segundo turno, deixando Mugabe como candidato único. O resultado final foi um governo de coligação forçada e ineficiente entre partidos rivais: Zanu PF, de Mugabe, e MDC ou Movimento para a Mudança Democrática, de Tsvangirai.

Exigência de reformas

Para evitar ainda mais confusão, Morgan Tsvangirai desistiu de ir à segunda volta em 2008
Para evitar ainda mais confusão, Morgan Tsvangirai desistiu de ir à segunda volta em 2008Foto: AP

As eleições para 2013 já foram rejeitadas pelo MDC. Segundo o porta-voz, a data para as eleições (em março) é unilateral, irrealista e não tem fundamento lógico ou legal.

Da mesma opinião, compartilha Rindai Chipfunde-Vava, da Rede de Apoio às Eleições no Zimbabué.

"Na nossa organização, reiteramos que são necessárias ainda reformas eleitorais antes das eleições. Também é preciso implementar uma nova Constituição. Apelamos para um ambiente propício. Mas assistimos a sinais de violência durante conferências, portanto não posso dizer que a violência acabou. Apelamos a um ambiente favorável e à participação de observadores, principalmente da Comunidade da África Austral", defende Chipfunde-Vava.

Opinião popular

Nas ruas da capital do Zimbabué, Harare, os cidadãos parecem estar à espera de eleições. Um dos ouvidos pela equipe de reportagem da DW África disse acreditar que está na hora de se realizarem eleições no país porque o governo de coligação já se esgotou e não está a funcionar. "Precisamos de um governo legítimo responsável por todos os zimbabueanos".

Uma mulher, ouvida pela DW África, mencionou que eleições são positivas e que Zimbabué precisa de um partido no poder e não de três. "Assim não funciona, com um partido a dizer uma coisa e outro a opor-se. Necessitamos de um só partido à frente do país."

Nas eleições em 2008 foi Tsvangirai quem recebeu mais votos. Mas quem sentou na cadeira mais cobiçada do país foi outro
Nas eleições em 2008 foi Tsvangirai quem recebeu mais votos. Mas quem sentou na cadeira mais cobiçada do país foi outroFoto: AP

Um outro homem, desta vez de mais idade, disse: "Deixem-nos ir às eleições em março, porque estamos cansados deste governo de união nacional. Queremos um governo que possa fazer melhor do que o que está a ser feito agora, em que um partido puxa para um lado e o outro puxa para o outro lado."

O caminho a trilhar

Um obstáculo até à organização de eleições é a realização de um referendo constitucional que o presidente Mugabe pretende realizar em novembro deste ano. Porém, o projeto da Constituição está a dividir os dois partidos governamentais.

Após os últimos retoques ao texto, em julho, membros do partido Zanu-PF, de Mugabe, contestaram alegando que os poderes do chefe de Estado tinham sido reduzidos. Reclamam da proibição de casamentos homossexuais e do impedimento de se ter dupla nacionalidade. Mas Tsvangirai, do MDC, já disse que renegociar o projeto constitucional está fora de questão.

Autora: Mavhunga Columbus / Glória Sousa
Edição: Bettina Riffel / António Rocha

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