Polícia confirma quatro feridos em caravana da UNITA
13 de abril de 2024Após a denúncia da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), a polícia do Cuando Cubango confirmou quatro feridos no ataque a uma caravana de deputados do maior partido de oposição angolana nesta sexta-feira, mas não confirmou que o partido de oposição tenha solicitado escolta às autoridades.
Entretanto, num documento ao qual a DW teve acesso este sábado, a UNITA informou às autoridades policiais do Cuando Cubango no dia 10 de abril de que, no cumprimento do calendários do programa de atividades, o grupo de deputados da UNITA se deslocaria para o município do Cuito Cuanavale, no dia 12 de abril.
Ataque
O maior partido de oposição em Angola, a UNITA, denunciou nesta sexta-feira, um ataque a uma caravana de deputados que exerciam trabalho parlamentar naquela província, de que teriam resultado um morto e seis feridos, informação corrigida posteriormente para nove feridos, dos quais cinco graves, bem como danos nas viaturas.
Os autores seriam alegadamente militantes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder em Angola desde 1975, segundo o líder da bancada parlamentar da UNITA, Liberty Chiaca. Num comunicado a que a Lusa teve acesso, o comando provincial da Polícia Nacional do Cuando Cubango, indica que o ataque foi protagonizado por cidadãos locais que "arremessaram objetos contundentes" contra as viaturas, de que resultaram quatro feridos.
Feridos
A polícia adianta que os feridos foram socorridos num posto médico comunal e que reforçou as medidas operacionais com as forças da unidade de reação e patrulhamento para repor a ordem.
O comunicado refere ainda que o comando provincial do Cuando Cubango não recebeu qualquer solicitação de escolta para garantir a segurança da caravana, contrariando o dirigente da UNITA, que lamentou a ausência das autoridades e disse que tinham recebido ameaças.
"Os órgãos de polícia estão a trabalhar arduamente no sentido de identificar os seus autores a fim de serem responsabilizados criminalmente", conclui a nota de imprensa.
O comando provincial apelou ainda aos partidos "no sentido de colaborarem com as autoridades, sempre que realizarem atos de massas" para que a polícia nacional garanta a segurança.
Assembleia lamenta ataque
A Assembleia Nacional de Angola lamentou o ataque contra a caravana da UNITA ocorrido ontem. Em comunicado divulgado pelo Gabinete de Comunicação e de Imprensa, o parlamento angolano afirma-se convicto de que "o incidente hoje ocorrido no município do Cuito Cuanavale, "vai merecer a devida atenção das entidades competentes pelo que os autores deverão ser responsabilizados".
Além de lamentar o sucedido, na nota apela-se às populações que "respeitem convivência pacífica, a paz social e os preceitos do Estado de democrático e de Direito".
"Continuemos firmes na defesa dos princípios e valores dos atos em defesa da paz, da unidade nacional e repudiar todos os atos que revelam intolerância política, religiosa e social, linguagem de ódio e de violência que não devem ter lugar num Estado Democrático de Direito", frisa-se no comunicado, no qual se expressa ainda solidariedade para com as famílias das vítimas.
Inquérito
Numa nota de imprensa veiculada ontem, a UNITA exortou as autoridades competentes a instaurarem um inquérito e a responsabilizar os culpados. Na mesma nota adianta-se que a delegação de deputados era composta pelos deputados João Kaweza, David Kisadila, Jeremias Abílio e o assessor Maurílio Luiele, que se encontram na província do Cuando Cubango para as jornadas municipais.
O grupo parlamentar da UNITA salientou que a caravana foi "alvo de um ataque perpetrado por supostas milícias do regime" a meio da manhã no troço Longa-Cuito Cuanavale, tendo a ação resultado também em danos materiais a oito das nove viaturas que integravam a coluna.
Segundo o grupo parlamentar da UNITA, "no momento do ataque, os agressores gritavam 'no Quito Cuanavale só há entrada, não há saída para a UNITA' numa autêntica demonstração de intolerância política, empunhando armas de fogo, paus e catanas e arremessando pedras aos membros da delegação de deputados".
No documento, a UNITA instou o Presidente, João Lourenço, "a assumir as suas responsabilidades de defesa da vida, dos direitos, liberdades e garantias fundamentais de todos os cidadãos", condenando veementemente a ação, que classificou como "atos de terror, ódio, fundamentalismo partidário e intolerância política".