Cuando Cubango: Obras paralisadas após as eleições
24 de outubro de 2022Passaram dois meses desde as eleições gerais em Angola e os projetos que, nessa altura, pareciam estar a andar a todo o vapor, para melhorar as condições dos residentes de Menongue, parecem ter descarrilado. Durante a pré-campanha eleitoral, arrancaram na cidade vários projetos para a eletrificação das ruas e abastecimento de água aos moradores.
Mas, dois meses depois, pouco ou nada se vê. "Depois das eleições, estamos a ver que estes projetos pararam. Só foi reabilitado um chafariz. De resto, não estamos a ver nada. Não temos nenhuma explicação do Governo local", desabafa Lucas Cambinda, um residente do bairro Boa Vida.
A DW África contactou o administrador municipal de Menongue para obter esclarecimentos. A pedido do gabinete de comunicação social, enviou inclusive uma solicitação formal de entrevista. No entanto, a administração remeteu-se ao silêncio até ao fecho desta reportagem.
Da visita do PR ao PIIM
Em março deste ano, o governador do Cuando Cubango, José Martins, disse que estava a par dos problemas de falta de energia e água potável em Menongue. E pediu ajuda ao Presidente da República, João Lourenço, que estava, na altura, de visita à província.
"As famílias, as donas de casa, têm passado momentos difíceis. Quando chegamos nos períodos de setembro e outubro, até as cacimbas secam. É uma dificuldade muito grande e faz com que as pessoas tomem riscos, indo buscar água potável. Quanto à expansão da rede elétrica na cidade de Menongue, excelência camarada Presidente, entendemos que é um assunto muito urgente. É um bem fundamental para a vida das pessoas", afirmou.
Pouco tempo depois, os projetos arrancaram, no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM). Agora, a paralisação das obras preocupa muitos habitantes.
Materiais abandonados representam risco
"Os nossos filhos estudam muito longe. Às vezes, de manhã, querem ensaboar o corpo para irem à escola e não têm água", lamenta um dos residentes. "Durante a campanha, chegaram aqui ao nosso bairro e prometeram trazer água e luz. Depois de colocarem, passado algum tempo, vieram retirar os postos elétricos", denuncia outro habitante.
Os residentes dizem que os buracos que ficaram nos sítios onde estavam os postes elétricos são um perigo para quem anda nas ruas.
Por outro lado, Lucas Cambinda lembra que, sem iluminação, o risco de criminalidade aumenta: "Inclusive, no ano passado, houve registo de uma vítima mortal por falta de iluminação. E, neste momento, há vários jovens fora do sistema de ensino. Se tivéssemos iluminação pública e energia nas residências, as escolas estariam em condições de lecionar também no período noturno", considera.
O Governo prometeu instalar 1.300 ligações para nove bairros. A obra deveria ter durado quatro meses. Com a paralisação das obras, não se sabe quanto tempo mais deverá demorar.