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Crise político-militar afeta turismo em Moçambique

Correia da Silva, Guilherme6 de novembro de 2013

Operadores queixam-se de cancelamentos das reservas nas estâncias turísticas. Ministério do Turismo moçambicano também reconhece os impactos negativos do clima de tensão no país.

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Os hotéis nas regiões de confrontos militares entre homens da RENAMO e o exército governamental ainda não estão vazios, mas os turistas já começam a desistir de passar férias nesses lugares.

A província de Sofala é o principal palco de tensão e também o lugar onde se localiza uma das maiores atrações turísticas do país: o Parque Nacional da Gorongosa, no centro do país. Na província de Nampula, onde há praias atrativas, a situação também não é das melhores, segundo Asselam Khan, gerente de um hotel na capital provincial.

Os turistas estrangeiros "ficam sempre com dúvidas e acabam por não querer arriscar", refere Asselam Khan. Além disso, "os que já estão no terreno tentam regressar mais cedo porque pensam que a situação poderá piorar."

"Não está assim tão mau"

Alguns países, como Portugal e França, já aconselharam os seus cidadãos residentes em Moçambique a não viajarem para as províncias afetadas pela instabilidade militar. Em caso de necessidade extrema, os portugueses devem "procurar integrar-se, sempre que possível, nas colunas escoltadas pelas forças de defesa e segurança", avisa Lisboa. Mas, entretanto, as colunas também são alvo de ataques.

As desistências representam um golpe para os operadores turísticos, reconhece Asselam Kha. Ainda assim, o gerente hoteleiro desdramatiza a situação. "As pessoas têm a ideia de que isto está muito mal, mas não está assim tão mau", diz. "As coisas estão minimamente controladas."

Martinho Muatxiwa, diretor nacional do Turismo, partilha da mesma visão. As autoridades moçambicanas também reconhecem que a tensão político-militar no país está a afetar o turismo, um setor onde o Governo deposita grandes esperanças na coleta de receitas para os cofres de Estado. Ainda assim, muita informação é exacerbada pelos órgãos de comunicação, refere Muatxiwa.

"Naturalmente que isto afeta o próprio turismo, tal como a economia nacional. Afeta a imagem do país e todo um conjunto de processos de desenvolvimento", afirma. "Mas também há uma propaganda muito elevada ao nível dos outros países em relação à situação moçambicana. E são empresas, órgãos de informação que também não estão no campo real."

As notícias veiculadas por esses órgãos passariam para o exterior uma imagem da situação pior do que ela, efetivamente, é, diz o responsável moçambicano.

Receitas em perigo

A contribuição do turismo para as receitas do Estado em 2011 foi de 12 milhões de dólares norte-americanos. Mas as receitas poderiam ser maiores se o setor pagasse os impostos devidamente e se pusesse termo a clandestinidade.

O Governo tem apostado na divulgação do seu potencial, focando sobretudo as praias e os safaris no país.

No entanto, a atual situação de crise afeta "sobremaneira" o turismo. O gerente hoteleiro Asselam Khan lembra que, se houver menos turistas, isso pode afetar outras áreas relacionadas. "A hotelaria não pode ficar para trás", conclui.