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Tensões entre Presidente da Tanzânia e oposição

Jan Philipp Wilhelm / Maria João Pinto6 de setembro de 2016

Medidas restritivas de John Magufuli contra a oposição e a comunicação social geram onda de críticas. Magufuli tem encerrado vários jornais e estações de rádio. Mas nem por isso deixou de ser popular entre a população.

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Foto: Getty Images/AFP/D. Hayduk

John Pombe Magufuli fez, até há bem pouco tempo, manchetes positivas. Desde que foi eleito, em novembro, tem vindo a lutar contra a corrupção e os desperdícios da máquina do Estado. Cortou nas viagens de avião dos membros do Governo e aboliu os habitualmente pomposos festejos do Dia da Independência, tornando-se um símbolo das medidas de austeridade.

No Twitter, os utilizadores usam a hashtag #WhatWouldMagufuliDo - em português, “o que faria Magufuli” – para dar todo o tipo de dicas para poupar dinheiro.

No entanto, o Presidente da Tanzânia, conhecido como “Bulldozer” desde a altura em que ocupava o cargo de ministro das Obras Públicas, tem estado no centro das atenções por outro motivo: a adopção de medidas cada vez mais antidemocráticas e autoritárias. Os comícios políticos foram proibidos. Jornais e estações de rádio críticos do Governo foram encerrados. As transmissões em directo dos trabalhos parlamentares foram suspensas, alegadamente por motivos económicos.

"Estamos aqui para trabalhar"

Ben Taylor, um especialista na Tanzânia, não vê quaisquer inconsistências nas acções do Presidente, afirmando que John Magufuli está apenas cumprir a sua agenda.

“Acho que o Presidente está genuinamente empenhado em combater a corrupção, a evasão fiscal, o desperdício no Governo", diz o investigador, acrescentando que "Magufuli e os seus seguidores acreditam que a melhor maneira de desenvolver a Tanzânia é ter um país unido, focado exclusivamente no desenvolvimento".

Por isso, conclui Ben Taylor, "questões inconvenientes, como a liberdade de expressão e o debate público são vistas como distracções".

Tansania Wahlen CCM John Magufuli Anhänger
Apoiantes do Chama Cha Mapinduzi, partido no poder na TanzâniaFoto: Reuters/S. Said

É uma política que muitos tanzanianos aprovam. Muitos estão mais interessados nos resultados do que nos métodos usados por Magufuli para os alcançar, diz Richard Shaba, da Fundação alemã Konrad Adenauer, em Dar es Salaam. Mas a tendência de Magufuli para fazer comunicados ao país sem os explicar, diz o analista, pode causar problemas e, portanto, “seria necesário explicar o significado exacto destas declarações".

"Mesmo o famoso “Hapa kazi tu” – “Estamos aqui para trabalhar” – não foi bem explicado. E as pessoas são levadas a fazer a sua própria definição, o que não é bom”, alerta Shaba.

Na semana passada, as medidas restritivas do Governo da Tanzânia atingiram o ponto mais alto. Seis políticos do partido Chadema, da oposição, foram temporariamente detidos. Apesar de a polícia ter proibido as reuniões partidárias, o Chadema planeava realizar protestos contra o Governo a 1 de setembro. No entanto, os protestos foram adiados por um mês.

Magufuli continua a ser popular

O Chadema diz que quer aguardar os resultados dos esforços de mediação dos líderes religiosos, com vista a evitar confrontos violentos. Já o analista Ben Taylor acredita que a oposição não tem apoio suficiente entre a população para realizar protestos. Isto, porque a onda de críticas ao Presidente não afectou a sua popularidade.

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“Não há dúvidas de que Magufuli continua a ser extremamente popular na Tanzânia. Claro que há críticos dentro e fora do país, que o vêem como antidemocrático, mas, no geral, ele continua a ser popular entre a população", frisa o analista.

No entanto, as opiniões dividem-se. Segundo Richard Shaba, tudo depende de "com quem se fala nos termos da opinião pública".

“Os doadores começaram por dizer que este era o homem que procuravam e agora não têm a certeza, alguns têm reservas. Os partidos políticos, em geral, não sentem que o processo esteja a ser justo. E , na rua, há quem considere que, pela primeira vez, os grandes e poderosos estão a ser forçados a respeitar a lei, ou, pelo menos, a ouvir".

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