"África deve preparar-se para o pior", diz OMS
19 de março de 2020A Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu a África para se preparar para o pior no enfrentamento da pandemia de covid-19. Segundo a contagem de agências de notícias, o continente regista mais de 600 casos com 16 mortes em 33 dos 55 países e territórios do continente.
Já o Centro de Prevenção e Controlo de Doenças da União Africana informa mais de 500 contágios em 31 países. A África do Sul teria mais infetados na África Subsaariana, 110.
Mais três Estados anunciaram esta quarta-feira (18.03) as primeiras infeções pelo novo coronavírus - Gâmbia, Zâmbia e Djibuti. No momento, 33 países africanos foram afetados pela pandemia.
"Em outros países vimos como o vírus acelerou a partir de certo limiar. O melhor conselho para África é que deve preparar-se para o pior desde já", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante uma conferência de imprensa virtual.
Ghebreyesus apontou que só na África Subsaariana foram registados pelas autoridades 233 casos, alertando que muitos outros terão certamente sido detetados e sinalizados.
"Não suponha que sua comunidade não será afetada, prepare-se como se fosse. Mas há esperança, há muitas coisas que todos os países podem fazer", disse o político etíope à frente da OMS.
Mudança de rotina
A Somália anunciou esta semana o seu primeiro caso, fechou escolas e universidades durante duas semanas e desaconselhou as concentrações de pessoas. No Uganda, apesar de ainda não terem sido registados casos, as cerimónias religiosas e as concentrações com mais de 10 pessoas foram suspensas.
Os países lusófonos - Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe - adotam medidas preventivas e mantêm-se sem casos confirmados.
Especialistas em saúde de 20 países africanos estão a participar em conferências com médicos na China numa tentativa de recolher dados que permitam travar o avanço do vírus.
O Quénia confirmou três novos casos de covid-19, totalizando sete infetados. O país é dependente de importações da China e de outros países e já começou a sentir o impacto do coronavírus na cadeia de suprimentos. Produtos estão em falta e preços subiram. A população já não encontra desinfetantes nos mercados com frequência.
"É preocupante porque as lojas estão vazias e também estamos a imaginar a disponibilidade de desinfetantes na aldeia onde estão os nossos parentes. O governo vai fornecer desinfetantes para as mãos, nas escolas e supermercados da cidade?”, disse uma moradora de Nairobi à DW África.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 210 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.7 mil morreram. Das pessoas infetadas, mais de 84 mil recuperaram da doença. O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 170 países e territórios - o que levou a OMS a declarar pandemia.