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Corrupção e apropriação de terras indignam eleitores no Quénia

27 de fevereiro de 2013

A comunidade internacional aguarda, apreensiva, as eleições quenianas de 4 de março, por se lembrar da violência desencadeada após o escrutínio de 2007. Mas os observadores da União Africana apaziguam os receios.

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Quénia eleições
Quénia eleiçõesFoto: Will Boase/AFP/Getty Images

Uma equipa de observadores da União Africana (UA), liderada pelo ex-Presidente moçambicano, Joaquim Chissano, aprovou, na quarta-feira, 27 de fevereiro, as preparações para as eleições quenianas, pelo menos aquelas levadas a cabo até à data. Falando à imprensa na capital queniana, Nairobi, Joaquim Chissano, que não escondeu a sua satisfação com o processo eleitoral queniano, afirmou: "Os preparativos em curso encheram-nos de confiança no que toca à realização destas eleições. Não apenas por causa dos métodos que estão a ser aplicados, mas por causa do grande empenho de todos os participantes, incluindo os candidatos".

Recordações sangrentas

Joaquim Chissano, que lidera a equipa de 60 observadores da União Africana, referiu-se a uma série de novas medidas destinadas a evitar que o escrutínio tenha o desfecho sangrento das eleições de 2007. Na altura, o candidato, Raila Odinga, atual primeiro-ministro, rejeitou os resultados eleitorais que davam vitória ao Presidente queniano, Mwai Kibaki, alegando fraude. Esta acusação desencadeou uma onda de violência étnica, que resultou na morte de mais de mil pessoas, lembrou Chissano: "Na altura nós, e eu como líder do forum dos ex-governantes africanos, tivemos que intervir para obter a reconciliação. Por isso estou feliz e aliviado por me deparar com preparativos tão completos liderados por uma comissão eleitoral altamente competente".

Novidades na lei eleitoral

O ex-Presidente moçambicano, Joaquim Chissano, lidera a missão de observadores da União Africana
O ex-Presidente moçambicano, Joaquim Chissano, lidera a missão de observadores da União AfricanaFoto: DW

Entre as novidades introduzidas na lei eleitoral, o presidente da comissão eleitoral queniana, Isaack Hassan, salientou que os funcionários eleitorais passam a ser pessoalmente responsabilizados pela sua conduta: “Se forem culpados de conluio com qualquer tentativa de fraude, responderão em tribunal".

Também um dos candidatos e favoritos na corrida à presidência está prestes a responder em tribunal, concretamente no Tribunal Penal Internacional de Haia, na Holanda, já no próximo mês de abril. Uhuru Kenyatta, atual vice-primeiro-ministro e filho do arquiteto da independência queniana, Jomo Kenyatta, é acusado de crimes contra a humanidade durante os distúrbios violentos pós eleitorais de 2007-2008. Um facto para o qual o seu principal adversário e atual primeiro-ministro, Raila Odinga, não se esqueceu de chamar a atenção durante a segunda volta de debates televisivos entre os candidatos levado a cabo na segunda-feira(25.02) à noite. Embora o próprio Odinga só por pouco tenha escapado a acusações semelhantes, a que não foram, no entanto poupados, dois dos seus principais acólitos, um ministro e um jornalista.

Corrupção e apropriação de terras enfurecem eleitores

Mas outros temas ocuparam o público, estimado em milhões, como provam as questões colocadas sobre temas como corrupção, disparidade dos rendimentos e a apropriação de terras por pessoas ligadas ao poder central. Um eleitor, Francis Ouma, da cidade costeira de Mombasa, disse à DW o que vai na cabeça de muitos quenianos: "O debate expôs o Quénia como um país como um fracasso político. Um dos candidatos nem soube responder a uma simples pergunta sobre as terras que possui, e tentou esquivar-se à questão. Tornou-se claro que os nossos políticos são mentirosos e corruptos. Atacaram-se mutuamente e demonstraram que nenhum tem capacidade para liderar o país".

Num bairro de lata de Kibera, em Nairobi, os habitantes apressam-se a recolher camisas oferecidas por um partido
Num bairro de lata de Kibera, em Nairobi, os habitantes apressam-se a recolher camisas oferecidas por um partidoFoto: Reuters

Autora: Cristina Krippahl/Agências
Edição: Helena Ferro de Gouveia

Corrupção e apropriação de terras indignam eleitores no Quénia