Conferência do Clima aprova programa de trabalho até 2018
19 de novembro de 2016A primeira Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU) depois do Acordo de Paris, em dezembro de 2015, terminou por volta da meia-noite e em clima de tensão, com os representantes da Bolívia e Índia a contestarem os documentos.
O programa de trabalho aprovado pretende aplicar o Acordo de Paris e limitar o aquecimento do planeta a um máximo de dois graus Celsius em relação à era pré-industrial.
Durante duas semanas de negociações, os representantes de cerca de 200 países definiram avanços em matéria de financiamento climático, dando continuidade além de 2020 ao Fundo de Adaptação do Protocolo de Quioto, que expirava esse ano e que agora será incorporado ao Acordo de Paris.
As novas orientações ajudam ainda a clarificar alguns detalhes do Acordo de Paris, como por exemplo, de que forma os países vão monitorar as suas promessas de diminuir ou conter os seus gases com efeito de estufa e como vão reportar o seu desempenho.
Mostrando determinação em trabalhar em prol da implementação daquele documento, os representantes comprometeram-se a concluir a lista de tarefas aprovadas, em Marraquexe, até dezembro de 2018. E concordaram em voltar a reunir-se em 2017 para "analisar o progresso" alcançado.
A ministra do Ambiente da Alemanha, Barbara Hendricks, disse que a conferência "demonstrou que o espírito de Paris está vivo e mais forte que nunca".
Num gesto simbólico, 40 países vulneráveis, incluindo pequenas nações insulares e Estados africanos atingidos pela seca, anunciaram empenhar-se para conseguirem alcançar 100% de energias renováveis "o mais rapidamente possível". Muitos necessitam do apoio dos países mais desenvolvidos. Por seu lado, as nações mais ricas comprometeram-se a ajudar financeiramente os países em desenvolvimento.
Apelo a Trump
O Presidente norte-americano eleito foi também tema na Conferência do Clima. "Contamos com o seu pragmatismo e o seu espírito de iniciativa", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino e presidente do evento Salaheddine Mezouar.
"A comunidade internacional está empenhada num grande combate pelo futuro do nosso planeta (...) pela dignidade de milhões e milhões de pessoas", acrescentou Mezouar.
Durante a campanha para as eleições presidenciais norte-americanas, Donald Trump ameaçou retirar Washington do Acordo de Paris e descredibilizou o aquecimento global. Além disso, o Presidente eleito prometeu apostar em fontes de energia poluentes como o petróleo, gás e carvão em vez de energias limpas.
Frank Bainimarama, o primeiro-ministro das ilhas Fiji, ameaçadas pela subida no nível das águas do mar, convidou Trump a ir ao país testemunhar os efeitos das alterações climáticas.
Os representantes dos vários países, incluindo a China, que é o primeiro poluidor mundial, com 25% das emissões totais, e a Arábia Saudita, garantiram que respeitariam o Acordo de Paris. "A vontade da China de trabalhar com os outros países permanece", assegurou o negociador chinês, Xie Zhenhua.