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Conferência de Segurança de Munique: África também será tema

Fred Muvunyi | Lusa | ac
14 de fevereiro de 2020

Durante a Conferência de Segurança de Munique, que começou nesta sexta-feira, os participantes discutirão as guerras na Síria e na Líbia, mas também conflitos na África subsaariana, com destaque para a região do Sahel.

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Münchner Sicherheitskonferenz Symbolbild Presse
Foto: Imago Images/S. Zeitz

A Conferência de Segurança de Munique (MSC), uma reunião diplomática e de defesa de três dias em que participam centenas de delegados de mais de 40 países, debate nesta edição o futuro do Ocidente e, em particular, da União Europeia (UE).

O Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, no seu discurso de abertura esta sexta-feira (14.02), salientou que "a UE sozinha não pode, mesmo a longo prazo e apesar de todo o progresso, garantir a segurança de todos os seus membros".

Deutschland | Steinmeier | Münchner Sicherheitskonferenz - Eröffnung
Chede de Estado alemão, Frank-Walter SteinmeierFoto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe

"A segurança da Europa baseia-se numa forte aliança com os Estados Unidos", sublinhou. 

A declaração de Steinmeier sucede a um discurso recente do Presidente francês, Emmanuel Macron, que sugeriu um fortalecimento da defesa europeia: "A nossa segurança também depende inevitavelmente de uma maior capacidade de ação autónoma dos europeus", afirmou Macron.

No entanto, há outros temas que fazem parte da agenda deste evento internacional que se realiza todos os anos na Alemanha, desde 1963, incluindo as questões de segurança no Médio Oriente e no continente africano.

Sudão e Sahel: Fator climático não pode ser menosprezado

Num debate que antecedeu a reunião principal, que começou esta sexta-feira, um participante lembrou à plateia que a guerra no Darfur terá também sido desencadeada, há 17 anos, pelos efeitos das alterações climáticas, vitimando mais tarde 300 mil pessoas.

O conflito militar no Sudão terá contribuído para a degradação ambiental no país, forçando mais de dois milhões de pessoas a procurar abrigo em campos de refugiados. Hoje, os conflitos relacionados com as mudanças climáticas estão a espalhar-se por outras regiões, nomeadamente pela região do Sahel, salientou, por exemplo, Tom Middendorp, ex-chefe militar das Forças Armadas holandesas.

"No continente africano, as secas têm empurrado as pessoas para longe das suas terras, onde costumavam dedicar-se à agricultura ou à criação de gado. Os agricultores e pastores estão sistematicamente a ser empurrados para outras áreas. E isso é perigoso, porque abre espaço e oportunidades a grupos do crime organizado", afirma Tom Middendorp em entrevista à DW.

Sudan Darfur UN Mission UNAMID
Sudão: Alterações climáticas terão contribuído para o conflitoFoto: picture-alliance/AP Photo/UNAMID/A. G. Farran

A responsabilidade dos países industrializados

Apesar das notícias preocupantes que nos chegam de África, os líderes mundiais parecem importar-se cada vez menos com a estabilidade e segurança no continente africano, refere o ex-secretário de Estado norte-americano, John Kerry.

Em entrevista à DW, Kerry exorta os países industrializados a levarem as questões das alterações climáticas "mais a sério" e a intensificar os esforços para ajudar os países africanos em desenvolvimento.

"Os países mais industrializados, do G20, produzem 85% de todas as emissões e não é de admirar que países africanos nos critiquem, afirmando que não estamos a cumprir com as nossas responsabilidades", disse John Kerry à margem da Conferência de Segurança de Munique.

Deutschland Berliner Klima- und Sicherheitskonferenz | John Kerry, ehemaliger US-Außenminister
John Kerry: "Os países que mais poluem devem dar o exemplo"Foto: picture-alliance/dpa/B. Pedersen

"Os países do G20 têm que dar o exemplo em matéria de proteção climática. Em Paris, concordámos em pôr em prática um plano ambiental de 100 mil milhões de dólares, para ajudar os países mais pobres a darem o salto", acrescentou Kerry.

A União Europeia diz estar a cumprir com as suas obrigações, tendo investido, desde 2014, 8 mil milhões de euros para promover a paz e melhorar a segurança e o desenvolvimento sustentável na região do Sahel. Mas, segundo as vozes mais críticas, todo esse dinheiro não tem contribuído para travar a onda de terrorismo na África Ocidental.

O ex-secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon diz que a falta de compromissos sobre questões globais e sobre as mudanças climáticas é frustrante.

As atuais políticas das potências mundiais poderão inclusive minar a instituição que ele liderou: "Acho que a ONU se tornará cada vez mais impotente. Penso que há razões para sérias perocupações com as Nações Unidas", alerta Ban Ki-moon.

A Conferência de Segurança de Munique termina no domingo, 16 de fevereiro.

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