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PolíticaRepública Democrática do Congo

Cimeira quadripartida pede retirada de grupos armados da RDC

Lusa | DW (Deutsche Welle)
28 de junho de 2023

A Cimeira Quadripartida para a estabilização da paz no leste da República Democrática do Congo exige a retirada dos grupos armados da região e apelou à mobilização de financiamento para os esforços conjuntos para a paz

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Foto: Guerchom Ndebo/AFP

A decisão consta de um comunicado divulgado na noite de terça-feira (27.06), após a cimeira que reuniu em Luanda chefes de Estado e representantes, ao mais alto nível, da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), da Comunidade da África Oriental (CAO), da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL) e da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC). 

A necessidade de pacificação do leste da RDC, onde persiste tensão militar interna com Ruanda, é o foco desta cimeira de chefes de Estado e de Governo dos quatro blocos regionais africanos. 

Corredores humanitários

Os dirigentes reunidos na cimeira manifestaram preocupação com a insegurança e atividades criminosas "dos grupos armados e terroristas" que persistem na RDC e exigiram a retirada "imediata e incondicional de todos os grupos armados, sobretudo o M23, assim como o ADF e FDL" e apelaram à criação de corredores para facilitar a assistência humanitária.

Kongo I Treffen zwischen EACRF und  M23-Rebellen
Rebeldes do M23 em Rumangabo, na República Democrática do CongoFoto: Guerchom Ndebo/AFP

A cimeira ressaltou também a necessidade de restabelecer a autoridade do Estado nas zonas ocupadas do Leste da RDC "para criar um ambiente propício ao regresso dos refugiados e das pessoas deslocadas internas e de permitir a realização de eleições pacíficas nessas áreas". 

No discurso de abertura da cimeira de Luanda, o Presidente angolano considerou a iniciativa "inédita", defendendo o "reforço" da coordenação entre países para a pacificação da zona dos Grandes Lagos. 

À DW, a especialista em Relações Internacionais Marzilda Caxito, disse que esta cimeira é também no interesse de Angola. "Estabilidade na região significa também estabilidade em Angola", frisou, defendendo que Luanda tem ferramentas e experiência para mediar a paz no leste da RDC, onde persiste uma tensão militar interna com o Ruanda.

Intercâmbio de informações

Na terça-feira, foi também adotado um plano conjunto sobre a coordenação das iniciativas de paz envolvendo as várias organizações que harmoniza as iniciativas da Quadripartida, preparando responsabilidades e prazos. 

Deverá neste âmbito ser criado um grupo de trabalho de coordenação com representantes da organizações africanas, da União Africana, da RDC e do Ruanda e da Organização das Nações Unidas, para facilitar o intercambio de informações, tendo em conta a "necessidade de uma atuação coordenada e colaborativa". 

Demokratische Republik Kongo | Binnenvertriebene im Flüchtlingslager Kanyaruchinya
Violência armada no leste da República Democrática do Congo gerou onda de deslocados no país, sendo que alguns deles procuram também refúgio em países contíguos, como AngolaFoto: Cunningham/Getty Images

Os participantes da cimeira manifestaram "preocupação" com a falta de "financiamento previsível, adequado e sustentável" para levar a cabo as ações e mandataram a comissão da União Africana, juntamente com os membros da Quadripartida a mobilizarem recursos para a implementação do plano diretor conjunto. 

Acordo de subvenção

Foi assinado um acordo de subvenção de dois milhões de dólares (aproximadamente o mesmo montante em euros) entre a União Africana e a CAO para facilitar as operações das forças regionais, tendo Angola e o Senegal apoiado com um milhão de dólares cada um, o processo de Nairobi liderado pela CAO. 

O Gabão anunciou que vai contribuir com 500.000 dólares para os esforços de paz no leste da RDC e apelou aos Estados membros da UA para que contribuam voluntariamente para os processos de paz em África. 

A próxima cimeira quadripartida, ainda sem data, vai realizar-se em Bujumbura, no Burundi. 

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