Chuvas fortes em Cabo Verde: maldição e benção
As chuvas fortes do fim de semana destruíram casas e infraestruturas essenciais, sobretudo na ilha cabo-verdiana de Santiago. Mas, para os agricultores, a água é uma benção, após três anos de seca severa.
Prejuízos avultados na Praia
As chuvas fortes do fim de semana deixaram um rasto de lodo e destruição na Cidade da Praia. Casas desabaram, estradas e pontes ruíram. Segundo as autoridades, os estragos na capital cabo-verdiana rondam os 2,5 milhões de euros. Entretanto, os habitantes já meteram mãos à obra e começaram a limpar as habitações e desobstruir as vias. E dão graças a Deus por terem sobrevivido.
Um dia de sufoco nos bairros periféricos
No sábado, muitas famílias dos bairros periféricos da Praia viveram momentos de desespero. Um bebé de seis meses morreu afogado quando a água invadiu a casa da mãe. O Governo cabo-verdiano anunciou um programa de emergência. "A prioridade absoluta é proteger as pessoas e os seus bens", disse o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.
Sem colchões para dormir
A inundação de moradias na Cidade da Praia deixou muitas famílias sem colchões para dormir. Os dois homens na foto levam para o lixo um colchão tirado de uma casa que foi inundada no bairro de Paiol. A Câmara Municipal da Praia já começou a realojar as famílias mais afetadas.
Hora de limpar as ruas
Militares e civis estão a limpar as ruas e estradas na Cidade da Praia. Em bairros como a Várzea, os moradores uniram-se para fazerem a limpeza da zona, sem esperar pelas autoridades. Ao mesmo tempo, estão a angariar ajuda para os vizinhos mais afetados pelas enxurradas.
Ainda há ruas intransitáveis
Várias ruas das zonas baixas da Praia continuam cobertas por uma grande massa de lodo, que tem dificultado a circulação de pessoas e automóveis na capital cabo-verdiana.
Máquinas limpam ribeira na Praia após as cheias
A parte baixa da Cidade da Praia ficou inundada. Máquinas pesadas trabalham a todo o vapor para desassorear parte de uma ribeira e uma ponte que ficou quase soterrada com as terras arrastadas pelas cheias no bairro da Vila Nova, uma das áreas mais afetadas.
Pontes destruídas
Esta ponte metálica que facilitava a circulação de pessoas entre os bairros de Achadinha e Calabaceira, bem como o acesso dos estudantes ao liceu que fica do outro lado, não aguentou a força das cheias. Parte da estrutura foi levada pelas águas. Infraestruturas idênticas foram derrubadas pelas cheias noutros bairros da capital cabo-verdiana.
Areia para compensar os estragos?
Moradores do bairro da Jamaica e Paiol, duas das zonas mais fustigadas pelas chuvas de sábado, aproveitam a areia que apareceu nas ribeiras após as cheias para repararem as habitações. Para eles, é uma boa oportunidade, porque há pouca areia no mercado.
Estradas danificadas
Várias estradas, canais de drenagem e muros de proteção foram danificados pelas chuvas, não só na Cidade da Praia como também no interior da ilha de Santiago. Algumas zonas ficaram completamente isoladas devido ao desabamento de rochas e terra nas vias, em diferentes pontos da ilha.
Finalmente muita água nas barragens
Apesar da destruição, as mulheres e homens do campo estão felizes por ter caído tanta água, após três anos de seca severa. Cabo Verde tem nove barragens e várias delas ficaram secas. Porém, as chuvas caídas nos últimos dias mudaram este cenário. Em Santo Antão, por exemplo, a barragem de Canto de Cagarra já transbordou.
Pasto verde para os animais
Os criadores de gado cabo-verdianos enfrentaram momentos difíceis devido à falta de pasto, durante os anos de seca. Vários animais morreram de fome ou foram vendidos ao desbarato. Mas a chuva veio renovar a esperança destas pessoas, que já estão a usufruir do pasto que começa a abundar em várias regiões, colocando os seus animais a pastar ao ar livre.
Esperança num bom ano agrícola
Os campos de cultivo de milho e feijão encontram-se em estado avançado em várias ilhas. No interior de Santiago, sobretudo nas zonas altas, os agricultores estão entusiasmados, à espera de um bom ano agrícola. Muitos já fizeram a segunda monda. Contudo, estão preocupados com a praga da lagarta-do-cartucho do milho, que tem afetado as culturas.
Sementeira em terra molhada
Apesar do cultivo de milho e feijão estar em fase avançada em vários pontos do país, há locais onde os agricultores ainda estão a completar as sementeiras ou a prepararem-se para a primeira monda. Esta agricultora da zona de Ribeirão Areia, Santa Catarina, semeia milho e feijão após as fortes chuvas que caíram no fim de semana. A agricultora de 73 anos diz estar muito animada.