CAN: Jean Ping questiona investimento realizado
6 de fevereiro de 2017Foi o Campeonato Africano das Nações um sucesso para o Gabão? Jean Ping prefere não fazer comentários sobre o evento. Esse foi o entendimento a que chegou com os colegas, porque, devido à situação interna do país, argumenta, o que fosse dito poderia vir a ser mal interpretado.
No entanto, em entrevista à DW, Jean Ping, questiona o investimento feito no evento: "Enquanto estamos a enfrentar grandes dificuldades no nosso país, enquanto temos problemas financeiros, salários que não são pagos, escolas que não são construídas, não há nada em escolas e hospitais, como podemos gastar tal quantia de dinheiro apenas com a construção de estádios?”
Para quem defendia a realização do CAN pelo Gabão, Ping diz que a resposta foi dada com os "estádio vazios”.
"Todos sabem que ganhei”
A oposição chegou a argumentar que, dada a instabilidade política no país, este não era o momento adequado para receber o CAN. As eleições presidenciais de agosto do ano passado não estão ultrapassadas. Ali Bongo renovou o mandato com pouco mais de 50% dos votos. Mas o líder da oposição do Gabão continua sem aceitar os resultados.
"Ganhámos as eleições. Todos sabem que eu ganhei. Ganhei com 60%. A comunidade internacional sabe disso. Aqueles que fizeram batota sabem. Todos sabem que eu ganhei as eleições. E devido a um processo de manipulação do que aconteceu, mudaram os resultados. Como de costume”, alega Jean Ping.
Diálogo apenas com reconhecimento de vitória
O líder da oposição no Gabão até admite poder sentar-se à mesa com o Governo para dialogar, mas, diz Jean Ping, primeiro a sua vitória tem de ser reconhecida.
"Primeiro, eles recusam-se a reconhecer os resultados das eleições. Em segundo, estão a matar pessoas, a prender pessoas, a ameaçá-las. Como chamar pessoas para um diálogo quando estão a matar e a prender pessoas que chamam para o diálogo. Pensa que é um diálogo? Com uma arma apontada à sua cabeça? Não é um diálogo”.
Jean Ping discorda de um aparente desinteresse dos jovens na política. O também ex-presidente da comissão da União Africana diz que a população do Gabão lhe pede "instruções”.
"Quando me vêm um pouco silencioso, pensam que talvez esteja comprometido. E dizem-me: ‘se estiver comprometido, queimamos-lhe a casa. Não queremos qualquer compromisso'. É suficientemente claro”, acrescenta.