Oposição diz que orçamento é "exercício de cosmética"
22 de novembro de 2016O Orçamento de Estado (OE) de Cabo Verde para 2017 prevê receitas totais de 454 milhões de euros, com despesas de 508 milhões de euros. O défice deve situar-se em torno de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), que deverá crescer 5,5 %, segundo a previsão do Executivo.
Para combater a insegurança no país e conseguir recursos, o Governo anunciou o agravamento dos impostos sobre o tabaco e o álcool.
O financiamento para a ilha de Santo Antão - onde foi declarado estado de calamidade pública por causa das fortes chuvas em outubro de 2016 - também foi contemplado do Governo de Cabo Verde, que aumentou em 0,5 % o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) com intuito de canalizar cerca de 3,6 milhões de euros para as zonas atingidas.
Retoma do crescimento
O líder parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD), Rui Figueiredo Soares, afirmou que o OE apresenta fortes sinais para retoma do crescimento económico, apesar das grandes restrições impostas pela elevada dívida pública e pelos riscos fiscais herdados do Governo anterior.
O objetivo é "equilibrar o orçamento a médio prazo”, diz Soares, e para isso o OE de 2017 tem como política de consolidação orçamental um "défice de 3 % do PIB (2017) e 1,6 % (até 2019)", disse o líder do MpD.
O líder parlamentar Rui Figueiredo Soares também falou sobre o aumento das receitas fiscais na ordem dos 15 % ao ano, na melhoria na qualidade das despesas públicas e no combate aos despedismos.
Críticas
Porém, tais argumentos não convenceram a presidente e líder parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Janira Hopffer Almada, para a qual o OE é "um grande exercício de cosmética, ao estilo do senhor primeiro-ministro".
Segundo Janira Hopffer Almada, os impactos deste OE na economia cabo-verdiana são duvidosos e preveem "irrealisticamente um crescimento de 5,5%, apesar do prometido 7% ao ano".
Outro aspeto levantado pela líder parlamentar do PAICV foram os empregos. "Não há uma única palavra neste OE sobre 45.000 empregos prometidos para a legislatura", disse Almada.
Também o deputado e presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democracia (UCID), António Monteiro, pediu ao Governo que cumpra as promessas eleitorais feitas durante a campanha para as legislativas de Março (2016) e diz que além dos empregos para 2017, este OE também não contempla temas como a criminalidade e a questão dos tribunais.
Aspetos Sociais
Já o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, salientou os aspetos sociais contemplados pelo OE.
A exemplo do rendimento de inclusão a beneficiar cerca de 1.161 famílias com crianças em situação de risco, da universalização da escolaridade básica de 8 anos e da gratuidade progressiva do pagamentos de propinas até os 12 anos, além da gratuidade na inscrição e frequência a contemplar portadores de deficiência em vários níveis de ensino no país a partir de 2017.
A introdução da tarifa social de electricidade, que deverá beneficiar cerca de 70 mil famílias cabo-verdianas famílias, também foi mencionado pelo primeiro-Ministro.
Para o Ulisses Correia e Silva, o OE em questão assenta num novo modelo de crescimento económico mais baseado no "sector privado, na actividade empresarial, na eficiência do Estado e na coesão social e territorial”, diz.