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Cabo Verde: Relançado debate sobre transporte de doentes

27 de junho de 2018

A morte de Eloisa Tavares Correia, no último fim de semana, depois de ter sido transportada de barco entre Boavista e Sal relançou o debate sobre o transporte de doentes. Chefe de Estado reclama uma solução urgente.

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O caso polémico já levou o Presidente da República a pedir solução urgenteFoto: Nélio dos Santos

Eloisa Tavares Correia, de 30 anos, morreu no sábado (23.06), no Hospital Ramiro Figueira, na ilha do Sal, 24 horas depois de ter sido operada. A mulher sofria de uma cardiopatia mitral.

Na sexta-feira (22.06), Eloisa Tavares Correia, que tinha uma gravidez fora do útero, tinha sido transferida da Boavista para o Sal, por via marítima, devido a dificuldades no transporte de doentes por via aérea.

Onda de indignação

O caso está a gerar uma onda de indignação um pouco por todo o país e obrigou o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, a reclamar, numa entrevista à Televisão de Cabo Verde, uma solução urgente.

"O Governo precisa de encontrar com rapidez uma solução para esse problema das evacuações, em condições adequadas, e que favoreçam a proteção das vidas humanas. Independentemente do apuramento rigoroso e objetivo que deve ser feito, para saber o que realmente se passou, eu insisto numa ideia que já transmiti ao Governo algumas vezes a diferentes níveis: tem que se encontrar uma solução, tem que haver respostas imediatas e eficientes”.

Cabo Verde: Relançado debate sobre transporte de doentes

A presidente da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e Cidadania, Zaida de Freitas, reagiu com indignação ao falecimento de Eloisa Tavares Correia.

 "Estamos profundamente indignados porque é uma situação que não é admissível. É uma situação que já tem vindo a acontecer e nós recomendamos a urgência na sua resolução”.

O maior partido da oposição exigiu responsabilização política e criminal neste caso.

A Presidente do PAICV , Janira Hopffer Almada anunciou que o partido vai queixar-se ao Conselho dos Direitos Humanos da ONU.

"Há responsabilidades criminais, há responsabilidades civis mas, sobretudo, há responsabilidades políticas. Para que mais nenhuma vida humana seja perdida, o PAICV está a trabalhar para apresentar uma queixa ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, porque não é admissível que tenhamos essa situação no país”.

Medidas do Governo

Janira Hopffer Almada
Líder da oposição vai apresentar queixa ao Conselho de Direitos Humanos da ONUFoto: DW/J. M. Borges

O ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa Nacional, Luís Filipe Tavares, garante que, até o final do ano, o Governo vai adquirir um avião para o transporte de doentes entre as ilhas.

 "O Governo está a analisar várias situações. Temos muita gente a trabalhar aqui e fora de Cabo Verde e vamos tranquilamente encontrar as melhores soluções. Nós vamos, com responsabilidade, resolver essa questão definitivamente”.

Já o ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, reforça que estão a ser equacionadas medidas para resolver a questão das evacuações no país.

 "A questão de transporte está a ser equacionada, mas a questão também da melhor organização dos serviços, a melhor comunicação entre os diversos setores. Acredito que, nos próximos dias, podemos dar respostas mais efetivas daquilo que está sendo feito”.

Enquanto se aguarda por uma solução definitiva, Janira Hopffer Almada pediu ao Governo que renegocie o acordo assinado com a companhia aérea Binter Cabo Verde.

 "É importante sobretudo que o Governo se sente à mesa com a empresa privada que detém o monopólio de transportes no país e renegoceie o acordo que, pessoalmente não conheço e o PAICV não conhece. Quanto mais não seja, para acautelar essa questão essencial num país formado por ilhas”.

Entretanto, o Ministério Público fez saber que vai investigar a morte da jovem Eloisa Tavares Correia. O Governo também anunciou a abertura de um inquérito. 

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