Cabo Delgado: Pescadores libertados após três dias
15 de agosto de 2024Os grupos rebeldes que têm protagonizado ataques armados em Cabo Delgado libertaram cerca de 60 pescadores que tinham sido raptados no sábado (10.08), em Mocímboa da Praia, segundo informações avançadas por fonte do governo distrital. As vítimas foram capturadas no princípio da noite daquele dia numa ilha localizada a quase 10 milhas da sede distrital, quando pescavam.
De acordo com a mesma fonte, os pescadores foram obrigados pelos rebeldes, durante três dias, a seguir nas suas próprias embarcações, primeiro, para Macomia e, depois, para Quissanga, onde foram libertados na terça-feira sem uma explicação clara. Benjamim Isaque, secretário permanente do distrito de Mocímboa da Praia, em Moçambique, deu conta que, volvidos três dias, os 56 pescadores que tinham levado foram dispensados. "Não foram mal tratados pelos insurgentes, não perderam qualquer bem e agora já estão em convívio familiar", explicou Isaque.
O secretário permanente adiantou que a situação no distrito está controlada e destacou que as forças governamentais prosseguem com as investigações, garantindo que a incursão não afetou a circulação de bens e pessoas. "Isto aconteceu numa ilha, então não podemos aprofundar muito neste momento sobre a situação lá, mas, no geral, o controlo é total", garantiu Isaque.
Uma realidade dura
A vila costeira, de acordo com informações locais, foi onde grupos armados protagonizaram o seu primeiro ataque em outubro de 2017, tendo sido, por muito tempo, descrita como a "base" dos rebeldes. Cabo Delgado enfrenta desde então uma realidade que afetou a vida das populações, com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.
Após meses nas mãos de rebeldes, Mocímboa da Praia foi saqueada e quase todas as infraestruturas públicas e privadas foram destruídas, bem como os sistemas de energia, água, comunicações e hospitais, tendo sido considerado um dos pontos prioritários para recuperação de infraestruturas após os primeiros sinais de estabilização da segurança.
Mais de 60 mil pessoas – quase a totalidade da população –, abandonaram a vila costeira devido ao conflito que começou há cinco anos e meio, com destaque para as fugas em massa que ocorreram após a intensificação das ações rebeldes em junho de 2020.
Mocímboa da Praia está situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural, em Afungi, Palma, liderado pela TotalEnergies.