Cabo Delgado: Autoridades intensificam combate ao HIV/SIDA
1 de abril de 2019O Governo provincial está preocupado com o aumento do HIV/SIDA em Cabo Delgado e quer reverter o cenário. Por isso, lançou uma campanha de comunicação sobre as medidas profiláticas.
Todos os dias, no centro de saúde do bairro de Natite, na cidade de Pemba, técnicos de saúde e ativistas desdobram-se em palestras sobre diversas doenças. Desta vez, o tema foi como evitar a infeção pelo HIV, o vírus da imunodeficiência humana.
Cerca de 170 mil pessoas vivem com o vírus na província de Cabo Delgado. Apontam-se fenómenos culturais e comportamentais para as elevadas taxas de prevalência de HIV.
Teles Jemusse, secretário executivo do Conselho Provincial de Combate ao HIV/SIDA, em Cabo Delgado, chama a atenção para outra causa: a falta de informação: "Quando vamos a alguns pontos da província deparamo-nos com gente que não acredita que o HIV existe. Gente que faz perguntas como: 'HIV existe mesmo? Mas isso é verdade?' Efetivamente é importante continuarmos a falar do HIV. Muitas pessoas não têm o conhecimento relevante".
É o caso de Júlio António, residente de Pemba: "Costumo ouvir sobre HIV/SIDA, mas o que significa eu não sei. Sobre preservativo é isso que estou a dizer, não sei como é que se usa".
Ukumi contra o HIV
Reconhecendo a falta de informação entre a população sobre o HIV/SIDA, o Executivo provincial está a promover uma campanha de comunicação em massa contra a epidemia, denominada "Ukumi Cabo Delgado Luta contra o HIV/SIDA".
O objetivo é dotar as comunidades de conhecimentos sobre as formas de transmissão e prevenção da doença, impulsionar a testagem voluntária do HIV e reduzir o estigma e a discriminação associados à enfermidade.
"Com esta campanha, queremos que as pessoas comecem a transformar o conhecimento em hábitos e comportamentos tendentes a reduzir novas infeções, abandono do tratamento, promovendo modos de ser e estar positivos em relação à pandemia do HIV/SIDA", sublinha o governador de Cabo Delgado, Júlio José Parruque.
As mensagens da campanha "Ukumi" são disseminadas através de palestras, música, teatro, spots radiofónicos e televisivos e outros meios. É dada atenção especial aos adolescentes, jovens e mulheres, considerados a camada mais vulnerável.
Segundo dados do setor da saúde, dos 100 mil pacientes inscritos só cerca de 60 mil seguem com regularidade o tratamento anti-retroviral. O que leva ao abandono dos tratamentos?
O nutricionista Ali Juma tem uma explicação: "Temos instituições que estão a trabalhar na área de HIV/SIDA, mas estão mais preocupados com entrega dos anti-retrovirais, não com a questão nutricional dos pacientes. Então, eu propunha que existisse uma cesta básica ou os pacientes passassem em consultas de nutrição para acompanhar o tratamento anti-retroviral com a alimentação".
A província de Cabo Delgado tem 126 unidades sanitárias, onde está disponível o tratamento anti-retroviral, de forma gratuita.