Funcionários do Estado pedem ajuda para sair de Palma
26 de março de 2021Luís Bitone, presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), citado pelo canal televisivo STV afirmou: "Nós, como Comissão Nacional dos Direitos Humanos, estamos a fazer ligações, desde o Instituto Nacional de Gestão de Desastres, organizações não-governamentais que têm alguma capacidade de agir, para ver se conseguem, de forma humanitária, ajudar aquela gente".
Segundo Luís Bitone, trata-se de cerca de 600 funcionários de Estado que fugiram após o ataque de quarta-feira (24.03), estando atualmente "numa zona intermédia e à espera de qualquer socorro".
"É uma preocupação de todos nós e estamos a tentar, com base em todas as nossas capacidades, ver se podemos encontrar uma intervenção rápida para socorrer aqueles cidadãos", declarou.
Restabelecer segurança com maior rapidez
O Ministério da Defesa de Moçambique confirmou na quinta-feira, (25.03), numa declaração à imprensa, um ataque armado à vila de Palma, apontando que "as Forças de Defesa e Segurança estão a perseguir o movimento do inimigo e trabalham incansavelmente para restabelecer a segurança e a ordem com a maior rapidez".
O coronel Omar Saranga, porta-voz do Ministério da Defesa moçambicano, admitiu que as comunicações com Palma estão interrompidas, não havendo, até ao momento, informação sobre vítimas e danos causados.
Omar Saranga referiu que o ataque realizado por grupos armados começou às 16:15 horas locais em que "terroristas atacaram a vila de Palma em três direções: cruzamento de Pundanhar - Manguna, via de Nhica do Rovuma e o aeródromo".
População deve manter-se vigilante
O Ministério da Defesa apelou para a população "se manter vigilante e serena enquanto procura espaços seguros", pedindo colaboração com as autoridades, "denunciando os terroristas e homens armados para a sua neutralização".
Várias fontes disseram no dia dos ataques, à Lusa, que a população de Palma estava a abandonar a vila e a refugiar-se na mata, cenário também confirmado pelo Ministério da Defesa.
Ainda segundo testemunhos, trabalhadores de diferentes nacionalidades ligados a obras na região de Palma, onde decorrem os projetos de gás do norte de Moçambique, fugiram juntamente com a população após o ataque de grupos armados à sede de distrito. A vila acolhe várias empresas e pessoal devido aos investimentos ali em curso.
O número de trabalhadores afetados e nacionalidades é incerto, mas algumas fontes relataram à Lusa a situação em Palma, que até aqui tinha sido poupada a três anos e meio de insurgência armada em Cabo Delgado, que está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.