Cabo Delgado: Ataques terroristas deixam quatro mortos
24 de setembro de 2021As zonas atingidas, nos distritos de Quissanga e Meluco, ficam distantes das áreas em que as tropas de Moçambique com apoio do Ruanda e da missão da África Austral têm anunciado reconquistas de território e desmantelamento de bases rebeldes, situadas a nordeste da província.
Um residente da aldeia de Lindi disse à agência Lusa ter testemunhado a chegada de elementos armados desconhecidos que, na quinta-feira (23.09), pelas 17 horas, queimaram casas e viaturas e que o levaram a fugir para Ancuabe. Durante a ação, viu pelo menos uma pessoa ferida, sendo que vizinhos que esta sexta-feira (24.09) se juntaram em Ancuabe relataram a morte de uma criança e três adultos.
Fonte das forças locais disse à Lusa que na mesma região, em Iba, distrito de Meluco, houve uma emboscada por desconhecidos contra um veículo de caixa aberta de transporte de pessoas e bens.
O ataque aconteceu ao pôr-do-sol, pouco depois das 17 horas numa estrada de terra batida e provocou dois feridos, internados no hospital de Meluco, sendo um deles uma mãe que levava ao colo um bebé de seis meses.
Veículo atacado
Segundo a mesma fonte, um autocarro que na quinta-feira (23.09) de manhã tinha transportado militares de Pemba para Macomia, vila no centro da província, foi alvejado quando regressava vazio para a capital provincial.
O veículo foi atacado já durante a noite, na Estrada Nacional 380 (única via asfaltada que liga o norte ao sul de Cabo Delgado), junto a Namoja, perto do rio Montepuez, numa faixa adjacente aos ataques anteriores. O veículo não parou, conseguindo chegar a Pemba para ser reparado.
Apesar das tentativas, a Lusa não conseguiu obter esclarecimentos por parte das autoridades de defesa e segurança moçambicanas.
Cabo Delgado é uma província rica em gás natural, mas alvo de ataques armados desde 2017, sendo alguns reclamados pelo grupo extremista "Estado Islâmico".
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda, a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de insurgentes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.