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Cabo Delgado com aumento das violações dos Direitos Humanos

5 de novembro de 2020

Os recentes ataques no norte de Moçambique estão a provocar uma nova onda de deslocados internos no país. O ACNUR fala em aumento das violações dos direitos humanos que afetam sobretudo mulheres e crianças.

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UNHCR Hauptgebäude in der Schweiz
Foto: picture-alliance

O norte de Moçambique não está a conseguir dar resposta às necessidades dos deslocados internos que fogem dos ataques terroristas na região. A cidade de Pemba, em Cabo Delgado, recebeu recentemente uma nova vaga de deslocados que obrigou as organização não-governamentais a redobrarem esforços para evitar uma nova catástrofe humanitária. 

As organizações no local estimam que haja mais de 400.000 mil pessoas deslocadas pela violência na província moçambicana de Cabo Delgado.

A DW África conversou com Juliana Ghazi, responsável do departamento de relações públicas do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que atua na província, sobre a crise. 

DW África: Que desafios para o ACNUR traz a nova vaga de refugiados internos que Pemba assiste?

Juliana Ghazi (JG): A situação em Cabo Delgado é maioritariamente uma crise de proteção com cada vez mais casos de violações dos direitos humanos. À medida que o conflito se intensifica, existe a tendência de que múltiplos deslocamentos ocorram. O ACNUR tem falado com famílias que tiveram de abandonar as suas casas, andar por muitos dias, chegar a uma nova vila e ainda assim sofrer novos ataques nesses lugares. 

Mosambik I Nahrungsmittelknappheit in Cabo Delgado
Organizações locais tentam distribuir comida e bens materiais pelas populações mais afetadas pelos deslocamentos internosFoto: Falume Bachir/World Food Program/AP/picture-alliance

Nesse contexto os maiores desafios estão na sua maioria relacionados com problemas de proteção e violação dos Direitos Humanos em Cabo Delgado e nas províncias perto que também estar a acolher deslocados internos.

Existe a preocupação por parte do ACNUR de aumentar a entrega de serviços e sistemas que realmente providenciem apoio para essas pessoas deslocadas e para outras que tenham sido impactadas pela violência.
 
DW África: Algumas organizações acreditam que a situação esteja à beira de uma catástrofe humanitária. O ACNUR também prevê esse cenário?

JG: A violência em Cabo Delgado tem-se intensificado ao longo dos últimos anos, principalmente através de ataques reivindicados por grupos armados não estatais. Essa situação aumentou o número de deslocados internos, bem como as necessidades desse grupo. O ACNUR continua extremamente preocupado com a violência e com as violações dos direitos humanos que recaem sobre esses cidadãos e que particularmente afetam crianças e mulheres que são a maior parte dos deslocados no país.

DW África: Muitas famílias têm ajudado os deslocados dando-lhes abrigo. Como é trabalhar com esse grupo?

JG: Estima-se que 90% dos deslocados internos estão a ser abrigados por parentes ou amigos. Muitas dessas comunidades que estão a abrigar os deslocados internos estão a lidar com as consequências do ciclone Kenneth que se abateu sobre a região em abril de 2019.

Existem poucos recursos para ser partilhados, por isso há muitos problemas de sobrelotação. Há casas que abrigam 20 a 30 pessoas no mesmo espaço, o que gera problemas relacionadas com a saúde, particularmente nesta fase de pandemia da Covid-19. O ACNUR tem respondido às necessidades dos deslocados internos e também das comunidades locais, por exemplo com a distribuição de material, como tendas, colchões, utensílios de cozinha, redes de mosquito, baldes de água, entre outros. 

Nádia Issufo
Nádia Issufo Jornalista da DW África
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