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Caça ilegal e lenta reconstrução podem atrapalhar conservação natural em Angola

16 de novembro de 2011

Falta de estrutura para proteger recursos naturais e questões políticas são desafios para a parte angolana da área transfronteiriça de conservação ambiental KAZA - uma das maiores regiões de conservação do mundo.

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Na parte angolana da KAZA, existe "enorme riqueza selvagem" com elefantes, girafas e rinocerontes
Na parte angolana da KAZA, existe "enorme riqueza selvagem" com elefantes, girafas e rinocerontesFoto: Fotolia/tarei
Problemas nas estruturas de governo, política e resquícios da guerra civil angolana (1975-2002) podem atrapalhar conservação
Problemas nas estruturas de governo, política e resquícios da guerra civil angolana (1975-2002) podem atrapalhar conservação

Considerada a potencial maior zona de conservação natural do mundo, a iniciativa KAZA (Área Transfronteiriça de Conservação Ambiental Kavango-Zambeze) inclui 36 parques nacionais em cinco países: Angola, Botsuana, Namíbia, Zâmbia e Zimbábue. A KAZA fica na África Austral, na região ao redor da zona de Caprivi-Chobe (na região fronteiriça do nordeste da Namíbia) e Victoria Falls (entre Zâmbia e Zimbábue) - uma área de mais de 280 mil quilômetros quadrados.

Na parte angolana, "pude observar do rio Cuando. Tem uma enorme riqueza de vida selvagem incluindo de elefantes e rinocerontes a girafas", descreve Richard Diggle, especialista em conservação comunitária da organização ambiental WWF.

"Há quatro ou cinco meses, também ouvimos dizer que um rinoceronte preto foi visto lá. E isso é particularmente animador, pois pode ter sido uma subespécie do rinoceronte preto Chobe, que muitos pensavam estar extinto", afirma Diggle.

Turismo pode gerar renda para comunidades locais

A proposta da iniciativa KAZA é transformar a área em destino turístico e gerar renda para as comunidades locais. Segundo Diggle, a legislação deveria dar mais poder às comunidades, para que estas se tornem parceiras com direitos e deveres iguais aos do Estado na conservação. Diggle ainda disse à DW, em Berlim, que as comunidades devem "ter o direito legal de fazer parcerias com o setor privado para que se tornem os principais beneficiados. Pode ainda haver impostos e taxas que voltam para o governo. Mas as parcerias principais são desenvolvidas entre as estruturas da comunidade e o setor privado", explicou.

Porém, para que o projeto alcance o sucesso esperado, há muitos desafios a serem enfrentados. Richard Diggle revela que, em território angolano, questões políticas e resquícios da guerra civil, entre outros, influenciam negativamente a conservação: "Ainda há muitos impactos negativos da guerra. Não existem apenas minas no terreno. As estruturas do governo não são tão fortes como as de outros governos da região", disse.

"Há ainda o risco da caça ilegal. E penso que será um grande desafio para Angola construir as estruturas governamentais. Agora eles têm que começar a pensar também sobre quais direitos darão às pessoas e isso será muito novo para o governo angolano", apontou o especialista em conservação comunitária.

Apesar das adversidades, no entanto, Richard Diggle se diz otimista sobre o futuro da Área Transfrontieriça de Conservação Ambiental Kavango-Zambeze em Angola: "Sem dúvidas, do que experimentei da delegação angolana, o que veio à tona foi o entusiasmo de ser parte de uma parceria com os outros quatro países. Com tempo e um pouco de boa vontade do governo angolano não há razão para que turismo e conservação não possam ter sucesso naquela área", afirmou.

Autora: Cris Vieira (Berlim)
Edição: Renate Krieger / António Rocha

Victoria Falls, (Zimbábue), estão na KAZA, a potencial maior região de conservação do mundo
Victoria Falls, (Zimbábue), estão na KAZA, a potencial maior região de conservação do mundoFoto: AP