Boko Haram volta a fazer dezenas de vítimas na Nigéria
21 de novembro de 2014Na capital nigeriana, Abuja, o presidente do Senado, David Mark, viu-se obrigado a ordenar o encerramento das duas câmaras do Parlamento até à próxima terça-feira (25.11), depois de a polícia da Nigéria ter disparado gás lacrimogéneo, aparentemente tentando impedir que os deputados da oposição entrassem no edifício governamental para votar sobre o prolongamento do estado de emergência no nordeste do país.
Na agenda dos membros da Câmara dos Representantes estava a votação sobre o pedido do Governo de Goodluck Jonathan para estender o estado de emergência em Adamawa, Borno e Yobe, os três estados fortemente fustigados pelos ataques do Boko Haram.
A oposição está contra este pedido, classificando o estado de emergência, que vigora há 18 meses, como um "completo fracasso".
"De repente, a polícia estava no prédio, algo que é muito invulgar. Começaram a disparar gás lacrimogéneo e houve confrontos violentos. Os agentes ordenaram que os deputados saíssem do edifício", descreve Uwais Abubakar, correspondente da DW África.
Prolongamento do estado de emergência rejeitado
Zacaria Mohammed, o porta-voz da Câmara dos Representantes, garantiu que antes do encerramento do parlamento a câmara esteve reunida numa breve sessão e decidiu rejeitar a extensão do estado de emergência.
Também o presidente do Senado, David Mark, confirmou que a votação parlamentar foi adiada. Oficialmente, o estado de emergência não foi renovado e terminou esta quinta-feira (20.11).
O Presidente Goodluck Jonathan, atualmente de visita ao Reino Unido, ainda não se pronunciou sobre a questão. Muitos acreditam que no topo da agenda de Jonathan não está a situação no nordeste do país, mas sim as eleições marcadas para fevereiro.
"As eleições não podem, de todo, ser a prioridade neste momento. As pessoas estão preocupadas com as suas vidas e não com política. O Governo deveria ser muito mais sério na questão de salvar a população", lamenta Mairo Mahmud, habitante do estado de Adamawa.
Polícia tinha como alvo membro da oposição
O principal alvo do ataque da polícia, esta quinta-feira (20.11), parece ter sido o líder da câmara dos Representantes, Aminu Tambuwal, cuja saída para o partido da oposição, em outubro, provocou a ira dos seus colegas do Partido Democrático do Povo, no poder.
Tambuwal é um dos membros da oposição que estão contra o prolongamento do estado de emergência em Adamawa, Borno e Yobe.
Na sua maioria, também os habitantes destes estados estão contra o estado de sítio. Para muitos, a medida serviu apenas para beneficiar os radicais islâmicos do Boko Haram que controlam agora mais territórios do que antes da imposição do estado de emergência.
"Vamos protestar contra isto. Vamos mostrar ao mundo a nossa resistência se aprovarem o estado de emergência outra vez. Estes deputados não estão a fazer o que é melhor para nós, não nos estão a representar", comenta Sale Bakoro, que vive no estado de Yobe.