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Bissau está "cansada" do problema do lixo

Iancuba Dansó (Bissau)
20 de agosto de 2020

Munícipes da capital da Guiné-Bissau estão preocupados com o amontoamento de resíduos nas ruas e mercados. A Câmara Municipal promete resolver a situação e anunciou uma campanha de sensibilização.

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Müll in Bissau
Lixo no mercado junto à "Chapa de Bissau"Foto: DW/I. Dansó

Em 2015, a Câmara Municipal de Bissau (CMB) estimava que a capital guineense produzisse 250 toneladas de lixo por ano. Agora, de acordo com o edil de Bissau, são mais de 300 toneladas produzidas pelos munícipes. A realidade são montes de lixo abandonados nas ruas e nos mercados, à espera da sua remoção pela Câmara, que muitas vezes apresenta dificuldades de executar essa tarefa.

No mercado junto à "Chapa de Bissau", os utentes convivem com o mau cheiro do lixo, que também dificulta a passagem das pessoas. "Estamos a viver só em canseira. Este lixo nos cansa aqui, cada dia ficamos constipados", diz um feirante ouvido pela DW África. "Pedimos àqueles que apanham o lixo que o tirem", apela.

Outro feirante lamenta a situação e pede a intervenção da Câmara Municipal de Bissau: "Não vivo tranquilo, mas não há jeito. Disseram que o carro [de transporte de lixo para o aterro] está danificado, mas, se houver a maneira, venham ajudar-nos e tirem este lixo, só isso é que pedimos".

Uma utente reforça o pedido: "Que nos ajudem com este lixo, porque está mal aqui".

Müll in Bissau
Lixo amontoado no mercado junto à "Chapa de Bissau"Foto: DW/I. Dansó

Acessibilidade é o problema

O diretor dos serviços de saneamento da Câmara Municipal de Bissau, João Juca Intchama, explica, no entanto, que o problema não está na avaria da viatura, mas "com a situação da via de acesso ao vazadouro [aterro] de Safim". O corte da estrada por causa da chuva é "a razão que motivou grande amontoamento do lixo durante esses dias".

O diretor de saneamento garante: "Estamos a fazer o trabalho para resolver a situação do lixo amontoado na Subida de Cabana e estrada de Bôr [mercado de Caracol]".

Mas o problema é mais grave, alerta o ambientalista Welena Silva: "A problemática do lixo que causa poluição do solo é um problema ambiental grave que está à vista de todos, mas que não tem merecido uma atenção especial e que merece".

"Aqui na Guiné-Bissau, não se faz a gestão dos diferentes lixos que existem. A saúde pública está em risco. A partir do lixo, nós podemos ter várias doenças e essas doenças podem provocar mortes e outros males à sociedade. Portanto, degradação ambiental e problemas sanitários graves podem ser causados pelo lixo", frisa. 

Juca Intchama admite que o tratamento de lixo urbano é um problema e anuncia "uma campanha que vai ser realizada na televisão e nas rádios de Bissau, destinada aos munícipes".

Em junho, o Governo encerrou o vazadouro de Antula, nos arredores de Bissau, onde moradores e vizinhos queixavam-se do fumo e mau cheiro. O Executivo abriu um novo vazadouro, em Safim, no norte do país, a mais de 16 quilómetros do centro da capital.

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