Desvio de arroz: Arquivado inquérito contra ex-ministro
5 de agosto de 2020"Efetuadas as diligências julgadas necessárias à descoberta da verdade material e no decurso de todas as diligências foram ouvidas as partes envolvidas no referido inquérito, não se verificou indícios suficientes para a continuidade do inquérito, daí deu-se origem ao arquivamento total dos respetivos autos", pode ler-se na certidão a que a Lusa teve hoje acesso.
A certidão foi emitida na terça-feira (04.08) pelo serviço do Ministério Público da vara crime do Tribunal Regional de Bissau.
Em abril de 2019, a Polícia Judiciária da Guiné-Bissau apreendeu, no âmbito de uma operação denominada "Arroz do Povo", várias centenas de toneladas de arroz doado pela China, que segundo aquela força de investigação criminal, estava a ser preparado para ser vendido ao público.
"Arroz do Povo" não é para venda
Na altura, o embaixador da China na Guiné-Bissau, Jin Hong Jun, disse estar a seguir "com muita atenção" a investigação da Polícia Judiciária sobre a distribuição do arroz doado pelas autoridades do seu país ao povo guineense e sublinhou que a oferta "não é para venda".
Na sequência da apreensão do arroz, base alimentar dos guineenses, a PJ tentou deter o ex-ministro da Agricultura Nicolau dos Santos, suspeito de ter desviado para fins pessoais, mas foi impedida pelas forças de segurança.
O momento foi marcado por grande tensão e confrontos entre elementos da PJ e seguranças do Ministério. Na ocasião, um jornalista guineense foi agredido pela polícia.
Mais tarde, o arroz acabou por ser distribuído à população pelo anterior Governo, liderado por Aristides Gomes.
No total, a China doou 2.638 toneladas de arroz, no valor de três milhões de dólares (2,53 milhões de euros). O arroz chegou a Bissau em 26 de janeiro de 2019.