Biden e Putin declaram compromisso com segurança estratégica
16 de junho de 2021Os Presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Joe Biden, adotaram esta quarta-feira (16.06) uma declaração conjunta na qual referem que os seus países são capazes de alcançar, mesmo em períodos de tensão, avanços em matéria de segurança estratégica.
O documento sublinhou que "a Rússia e os Estados Unidos mostraram que, mesmo em períodos de tensão, são capazes de avançar no cumprimento de objetivos comuns para garantir a previsibilidade no campo estratégico, reduzir os riscos de conflitos armados e a ameaça de guerra nuclear".
"A recente extensão do tratado START III é um sinal de nosso vínculo ao controlo de armas nucleares. Hoje reafirmamos o nosso vínculo ao princípio de que numa guerra nuclear não pode haver vencedores e esta nunca deve ser desencadeada", lê-se no comunicado, de três parágrafos, divulgado pela Presidência russa.
Por fim, o texto enfatizou que "para alcançar esses objetivos, a Rússia e os Estados Unidos iniciarão em breve um amplo diálogo bilateral sobre segurança estratégica, que será substantivo e enérgico".
"Com esse diálogo, tentaremos lançar as bases para o controlo de armas no futuro e medidas de mitigação de riscos", acrescenta-se na nota.
Esta declaração conjunta foi a única adotada após a cimeira de quatro horas e meia realizada entre Putin e Biden, em Villa La Grange, em Genebra. No final do encontro, os dois presidentes optaram por falar individualmente à imprensa.
Encontro "positivo" e "construtivo" com divergências
O Presidente norte-americano indicou que o tom do encontro foi "positivo", mas assegurou ter advertido contra qualquer interferência nas eleições norte-americanas. "Disse claramente que não toleraremos tentativas de violação da nossa soberania democrática ou de desestabilização das nossas eleições democráticas, e que responderemos", declarou Joe Biden.
O chefe da Casa Branca também indicou ter abordado questões relacionadas com os direitos humanos, incluindo os casos de dois norte-americanos que considerou estarem "erradamente detidos" na Rússia. Biden manifestou preocupações sobre casos como Alexei Navalny, o líder da oposição a Putin, que se encontra numa colónia penal, e que prosseguirá a abordar questões sobre "direitos humanos fundamentais, porque é isso que nós somos". O Presidente dos Estados Unidos afirmou ainda que transmitiu ao homólogo russo que as consequências serão "devastadoras" para a Rússia se o opositor vier a morrer.
Sobre Navalny, detido em janeiro, Putin afirmou na sua conferência de imprensa que o opositor russo "sabia que estava a violar a lei" ao desrespeitar as condições de uma condenação com pena suspensa enquanto estava em tratamento na Alemanha, e acrescentou que Navalny "teve o que merecia" quando foi condenado à prisão, depois de ver a pena suspensa transformada em prisão efetiva.
Apesar das tensões bilaterais em pano de fundo, Putin considerou que o seu primeiro encontro com o homólogo norte-americano foi "construtivo" e que "não houve qualquer animosidade".
"Em muitas questões as nossas avaliações divergem, mas as duas partes mostraram o desejo de se entender e de procurar formas de reconciliar posições", acrescentou.
No plano diplomático, Putin indicou ter definido com Biden o regresso dos embaixadores dos dois países aos seus postos respetivos numa tentativa para diminuir as tensões bilaterais. Os dois embaixadores foram chamados aos seus países no início do ano. Putin adiantou também que os dois presidentes chegaram a um acordo para um diálogo em matéria de cibersegurança.