Banda favorito nas presidenciais da Zâmbia
20 de setembro de 2011Nesta na terça-feira (20/09), os zambianos vão às urnas em eleições multipartidárias. Eles têm a tarefa de eleger um novo presidente, deputados e vereadores. Os analistas descrevem estas eleições como as mais disputadas, até ao presente, com trocas de acusações entre os dois principais adversários: Rupiah Banda e Michael Sata.
Foi um período de campanha muito movimentado para os candidatos às eleições na Zâmbia. Eles percorreram todo o país em campanhas que foram aquecidas por várias intrigas. Por exemplo, o candidato do Movimento para a Democracia Multi-partidária, Rupiah Banda, acusou o seu adversário Michael Sata de apoiar homossexuais. E Sata, por seu lado, acusou Banda de ser um amigo da China. O número crescente de empresários chineses no país foi um forte ponto de disputa na campanha para esses escrutínios.
Isaac Kabela, professor na Universidade da Zâmbia, comenta “não é assim que se faz política”.
E Kabela justifica dizendo que “não mudamos uma sociedade se concentrarmos os esforços somente em indivíduos, mas sim temos que nos debruçar sobre questões reais, como a economia, aspectos sociais e culturais. Acho que a pessoa que estiver no poder tem que abordar estas questões e isso trará mudanças”.
Relações entre Pequim e Lusaka dominaram as campanhas
As relações entre China e a Zâmbia foram um grande tema de discussão durante a campanha, porque Pequim é um dos aliados mais próximos da Lusaka. A taxa de crescimento anual do comércio bilateral tem-se mantido acima dos 30 por cento desde o ano 2000. Em 2010, o valor total do comércio bilateral chegou a 2,5 mil milhões de dólares americanos.
Mas, problemas como a morte a tiro de 17 trabalhadores que protestaram no ano passado por melhores condições de trabalho na mina de Carvão Collum, no sul da Zâmbia, mancharam estas relações bilaterais.
Rupiah Banda, baseou a sua campanha em promessas de grandes e promissores projetos de desenvolvimento para além de ter lançado um plano com sete pontos para o desenvolvimento social e económico em benefício do povo da Zâmbia.
Sata, por seu turno tem publicamente apoiado as políticas do presidente do Zimbabué, Robert Mugabe. Michael Sata, um ex-ministro em diversas pastas pelo governo no poder, o Movimento para Democracia Multipartidária ou MMD, usou argumentos como a descida de impostos e a melhoria das condições económicas.
Há outras declarações da oposição, especialmente da Frente Patriótica, que preocupam o analista político Neo Simutanyi: "Existem rumores que apontam que eles não vão aceitar os resultados se não ganharem. Eu acho isso muito perigoso.”
Espera-se que uma nova Constituição promova a igualdade de género
Enquanto isso, a Organização Não Governamental de Coordenação do Conselho que representa o movimento de mulheres afirma esperar que o novo governo crie uma constituição que promova a igualdade de género. Bridget Kalaba é membro da direção da referida ONG e defende que “a primeira coisa que as mulheres da Zâmbia querem é uma constituição que seja representativa das opiniões da maioria dos zambianos incluindo as mulheres. E outra coisa que queremos é dar mais poderes às mulheres e aos jovens."
Por seu lado, Priscilla Isaac, a diretora da comissão eleitoral do país assegura que toda a logística está no local para realizar o escrutínio desta terça feira, uma logística que envolve 60 mil funcionários espalhados pelos150 círculos eleitorais por forma garantir uma votação tranquila.
Autora: Cathy Sikombe (Lusaka) / Carla Fernandes
Edição: António Rocha/ Helena de Gouveia