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Maputo: Semicoletivos com tarifas mais caras

21 de setembro de 2017

Nova tarifa dos "chapas" foi aprovada, mas ainda não tem data para entrar em vigor. Valor poderá chegar a 12 meticais, o equivalente a 0,16 cêntimos de euro. População reclama da prestação do serviço.

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Motoristas dos chapas dizem que aumento não cobre os custos de operação (Foto de arquivo/2012)Foto: DW/J. Beck

Os usuários dos transportes semicoletivos em Maputo vão pagar mais caro pelo serviço. A Assembleia Municipal da capital moçambicana aprovou, nesta quarta-feira (20.09), uma nova tarifa para os chamados "chapas".

O preço do chapa aumenta de sete (10 cêntimos de euro) para nove meticais (12 cêntimos) para trajetos até 10 quilómetros e de nove para 12 meticais (16 cêntimos de euro) para rotas superiores a 10 quilómetros. O município ainda não divulgou quando as novas tarifas devem entrar em vigor, mas a população já desaprova o aumento.

Edmundo Manhique vive no bairro de Mateque, a mais de 15 quilómetros a norte da cidade de Maputo. Para chegar ao centro da capital moçambicana tem de fazer quatro ligações – um problema que, segundo ele, vai permanecer. "Devia-se pensar mais em controlar o encurtamento de rotas e não agravar os preços", critica.

Preocupações 

Edmundo Manhique, trabalhador das obras públicas, refere que estes preços vão obriga-lo a apertar mais o cinto. O que dificulta a gestão do seu salário mensal, que equivale a cerca de 40 euros.

"Aquilo que eu ganho para suprir as minhas despesas acho que não vai chegar. Acho que estarei numa fase em que vou tratar tudo indo a pé para suprir as minhas necessidades. Faço muitas deslocações dentro da cidade. Acho que aquilo que ganho não vai corresponder", lamenta.

Bus in Maputo
Usários reclamam das rotas operadas pelos transportes semicoletivos em Maputo (Foto de arquivo/2012)Foto: DW/J. Beck

No terminal de chapas, no bairro de Ferroviário, a seis quilómetros da cidade de Maputo, Henriques Mate afirma que, na prática, com as ligações que faz já paga o preço que agora foi anunciado pela Assembleia Municipal.

Mate receia que os 0,8 cêntimos de euro que atualmente paga pelas ligações que faz poderão um dia subir para o dobro, quando os chapas voltarem a encurtar as rotas. "Se eu sair daqui até ao bairro Ferroviário com este valor atual eu é que vou sair a ganhar se se controlar a rota, mas se não se controlar os encurtamentos, não vou suportar porque eu já pagava com estes encurtamentos e era obrigado a pegar mais de dois chapas".

Apanhar transporte nas primeiras horas da manhã em Maputo é um autêntico bico d´obra por causa dos encurtamentos de rotas. Por isso Raúl Manganhela entende que mais importante do que agravar os preços é controlar o cumprimento das rotas. "Os que lideram é que devem controlar para chegarem ao destino. Quanto ao valor não é muito grave, mas deve-se controlar o destino, onde começa e onde termina".

"Encurtamentos não vão reduzir"

Para os transportadores semicoletivos,o aumento da tarifa do serviço já devia ter acontecido há muito tempo. Alguns entendem que o preço devia ser mais caro, entre os 0,15 e os 0,20 cêntimos de euro.O motorista Armando Chiconela diz que, com este aumento, os encurtamentos não vão reduzir. "O que faz com que os motoristas encurtem as rotas é por causa dos preços que não compensam para algumas rotas. Fazem essas todas as manobras para cobrirem as receitas".

Moçambique-Aumento das tarifas dos semicoletivos - MP3-Mono

Também Daniel Tembe, outro motorista, não está satisfeito com a nova tarifa de transporte. O ideal, defende, seria subir para um mínimo de 0,20 cêntimos de euro, devido aos custos de operação.

"Há quem pega na cabeça porque pensa que é muito. Mas se formos a ver a vida de um transporte de um mini bus, ou de um grande carro, esse valor é insignificante. Se for a trocar esses 15 meticais por dólar, quantos dólares são?", pondera.

O vereador do município de Maputo para a área dos transportes, João Matlombe, diz que a nova tarifa continua ainda assim muito aquém de cobrir os custos operacionais.

Matlombe garante que vai continuar a negociar com as empresas para melhorar o setor dos transportes na capital. "A revisão da tarifa vai impulsionar o setor privado a investir nos transportes".

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