Maputo: Semicoletivos com tarifas mais caras
21 de setembro de 2017Os usuários dos transportes semicoletivos em Maputo vão pagar mais caro pelo serviço. A Assembleia Municipal da capital moçambicana aprovou, nesta quarta-feira (20.09), uma nova tarifa para os chamados "chapas".
O preço do chapa aumenta de sete (10 cêntimos de euro) para nove meticais (12 cêntimos) para trajetos até 10 quilómetros e de nove para 12 meticais (16 cêntimos de euro) para rotas superiores a 10 quilómetros. O município ainda não divulgou quando as novas tarifas devem entrar em vigor, mas a população já desaprova o aumento.
Edmundo Manhique vive no bairro de Mateque, a mais de 15 quilómetros a norte da cidade de Maputo. Para chegar ao centro da capital moçambicana tem de fazer quatro ligações – um problema que, segundo ele, vai permanecer. "Devia-se pensar mais em controlar o encurtamento de rotas e não agravar os preços", critica.
Preocupações
Edmundo Manhique, trabalhador das obras públicas, refere que estes preços vão obriga-lo a apertar mais o cinto. O que dificulta a gestão do seu salário mensal, que equivale a cerca de 40 euros.
"Aquilo que eu ganho para suprir as minhas despesas acho que não vai chegar. Acho que estarei numa fase em que vou tratar tudo indo a pé para suprir as minhas necessidades. Faço muitas deslocações dentro da cidade. Acho que aquilo que ganho não vai corresponder", lamenta.
No terminal de chapas, no bairro de Ferroviário, a seis quilómetros da cidade de Maputo, Henriques Mate afirma que, na prática, com as ligações que faz já paga o preço que agora foi anunciado pela Assembleia Municipal.
Mate receia que os 0,8 cêntimos de euro que atualmente paga pelas ligações que faz poderão um dia subir para o dobro, quando os chapas voltarem a encurtar as rotas. "Se eu sair daqui até ao bairro Ferroviário com este valor atual eu é que vou sair a ganhar se se controlar a rota, mas se não se controlar os encurtamentos, não vou suportar porque eu já pagava com estes encurtamentos e era obrigado a pegar mais de dois chapas".
Apanhar transporte nas primeiras horas da manhã em Maputo é um autêntico bico d´obra por causa dos encurtamentos de rotas. Por isso Raúl Manganhela entende que mais importante do que agravar os preços é controlar o cumprimento das rotas. "Os que lideram é que devem controlar para chegarem ao destino. Quanto ao valor não é muito grave, mas deve-se controlar o destino, onde começa e onde termina".
"Encurtamentos não vão reduzir"
Para os transportadores semicoletivos,o aumento da tarifa do serviço já devia ter acontecido há muito tempo. Alguns entendem que o preço devia ser mais caro, entre os 0,15 e os 0,20 cêntimos de euro.O motorista Armando Chiconela diz que, com este aumento, os encurtamentos não vão reduzir. "O que faz com que os motoristas encurtem as rotas é por causa dos preços que não compensam para algumas rotas. Fazem essas todas as manobras para cobrirem as receitas".
Também Daniel Tembe, outro motorista, não está satisfeito com a nova tarifa de transporte. O ideal, defende, seria subir para um mínimo de 0,20 cêntimos de euro, devido aos custos de operação.
"Há quem pega na cabeça porque pensa que é muito. Mas se formos a ver a vida de um transporte de um mini bus, ou de um grande carro, esse valor é insignificante. Se for a trocar esses 15 meticais por dólar, quantos dólares são?", pondera.
O vereador do município de Maputo para a área dos transportes, João Matlombe, diz que a nova tarifa continua ainda assim muito aquém de cobrir os custos operacionais.
Matlombe garante que vai continuar a negociar com as empresas para melhorar o setor dos transportes na capital. "A revisão da tarifa vai impulsionar o setor privado a investir nos transportes".