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Aumenta o número de refugiados da Somália no Zimbabué

15 de dezembro de 2011

Não obstante os problemas económicos e políticos do Zimbabué, o país acolhe um número elevado de refugiados somalis que tentam fugir ao conflito armado e à seca no Corno de África, que afeta 12 milhões de pessoas.

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Somalische Frauen warten am Samstag (17.11.2007) im offenen Flüchtlingszentrum Balzan in Valletta auf Malta auf die Ankunft der Bundespräsidentengattin. Der Bundespräsident und seine Ehefrau schließen ihren siebentägigen Staatsbesuch durch Nordafrika in Malta ab. Foto: Wolfgang Kumm dpa +++(c) dpa - Report+++
Hoje os somalis procuram refúgio em todo o mundo, no caso destas mulheres em MaltaFoto: picture alliance/dpa

As autoridades de Harare responsáveis pela imigração só a coberto do anonimato avançam dados concretos. Segundo esta informação colhida pela Deutsche Welle, o número de refugiados somalis no Zimbabué aumentou significativamente nos últimos dez meses. As mesmas fontes registam uma entrada diária de 50 somalis. E enquanto o repórter da Deutsche Welle falava com as autoridades, observou como um grupo de 23 somalis, na sua maioria entre os 20 e os 30 anos de idade, atravessou a fronteira.

À espera de concluir as formalidades na alfândega, os refugiados, entre eles algumas jovens mães, dão todos os sinais de exaustão. Assim que entram no Zimbabué, os somalis evitem as estradas principais, com medo que lhes roubem os seus magros pertences. O repórter da Deutsche Welle acompanhou o grupo que avançou por uma estrada secundária alagada por causa das chuvas da estação.

ARCHIV - Ein junges Mädchen durchsucht den Müll nach Nahrungsmitteln in Chitungwiza, 25 km östlich von Harare (Archivfoto vom 10.11.2008). Die bittere Armut ist nur eines der Leiden dieses geschundenen Landes, das einst wegen seiner blühenden Farmen und reichen Bodenschätze als ein Juwel Afrikas galt. Simbabwe ist heute eher ein Makel des Schwarzen Kontinents, ein Land, in dem die Bürger unter korrupten Ministern, gierigen Staatsdienern, brutalen Polizisten und gewalttätigen Politschlägern ächzen. EPA/AARON UFUMELI (dpa- Für projekt Destination Europe Leben im Auffanglager Mangelnde Perspektiven und große Träume
A pobreza endémica no Zimbabué faz com que a perspectiva dos refugiados somalis seja sombriaFoto: picture-alliance/dpa

Fugir à fome e à guerra

Foi necessário, primeiro, convencer os jovens que o objetivo não era assaltá-los. A barreira linguística foi outro obstáculo difícil de transpor, sobretudo para descobrir o que os tinha levado a abandonar o seu país. Um dos jovens, que disse chamar-se Mahommed, respondeu imitando o som de uma metralhadora e referindo à fome que assola a Somália. Mahommed exprime-se com dificuldade em inglês, mas a mensagem não podia ser mais clara: os problemas na Somália são a fome e a guerra.

A questão que se coloca é, porquê optar por fugir para um pais que tem problemas consideráveis políticos e económicos? Entre os somalis segue um congolês que parece ser o líder do grupo. Diz que fugiu da guerra na República Democrática do Congo em 2000, tendo ido primeiro para o Ruanda, e, depois, para a Somália. Agora espera poder ficar no Zimbabué. Este homem critica com dureza os líderes políticos que o obrigaram a fugir da RDC, Ruanda e Somália: “Há demasiada guerra em demasiados países. Decidimos fugir quando mataram os nossos pais. Estamos no Zimbabué por causa da guerra”. O congolês fala decerto por todos quando diz que não quer que os seus filhos venham a viver o mesmo: “Há muitos problemas neste continente. Não sabemos quando poderemos ser felizes. Não sabemos o que vai acontecer aos nossos filhos”.

Hundreds of Zimbabwe political violence victims seek refuge at the South African Embassy in Harare, Zimbabwe, 26 June 2008. Most have been made homeless after fleeing torture at the hands of the Zanu PF militia who support President Robert Mugabe. The Zimbabwe President will be the lone presidential candidate in Friday's elections after MDC leader, Mrogan Tsvangirai, officially withdrew from the elections. EPA/STR +++(c) dpa - Report+++
A violência política e a pobreza obrigam muitos zimabueanos a fugir para a vizinha África do SUulFoto: picture-alliance/ dpa

A esperança de um futuro

À pergunta sobre o que espera do Governo do Zimbabué, este refugiado responde que, sobretudo, quer ser tratado como um ser humano: “Os rebeldes não podem tirar-nos o futuro. Tiram-nos o país, mas não o futuro. Posso ter um futuro em qualquer parte do mundo”. Outro refugiado somali aproxima-se do repórter da Deutsche Welle para falar: “O maior desastre na Somália é a guerra civil, a guerra entre os rebeldes e a nação. Muitas pessoas tiveram que fugir para outros países”.

Mas ficou por responder à pergunta inicial: porque é que os refugiados de outros países escolhem o Zimbabué, de onde os próprios zimbabueanos tentam escapar? Tanto mais, que atendendo às suas próprias graves dificuldades económicas, o Zimbabué pouco ou nada pode fazer pelos imigrantes, como constatou recentemente o representante permanente das Nações Unidas no país, Marcellin Hepie. Mas o desespero dos somalis depois de décadas de sofrimento é, talvez, maior do que o receio daquilo que os pode esperar no país de acolhimento.

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A guerra e a fome assolam este país no Corno de África

Autores: Columbus Mavhunga (Harare)/Carla Fernandes
Edição: Cristina Krippahl/António Rocha