As batalhas de Kofi Annan
Nascido no Gana, Kofi Annan tornou-se no primeiro líder africano e negro da ONU e num dos grandes nomes da diplomacia mundial. Bateu-se pela paz, mas a luta nem sempre correu bem.
Estrela em ascenção da Organização das Nações Unidas (ONU)
Kofi Anan nasceu no seio de uma conhecida família no Gana em 1938. Estudou na Suíça e nos Estados Unidos. Começou a trabalhar na ONU com 24 anos. Em 1993, tornou-se chefe das operações de manutenção da paz. Um dos primeiros desafios foi a crise na Somália, quando confrontos entre forças norte-americanas apoiadas pela ONU e milícias da Somália causaram a morte a 18 soldados americanos.
Derrotas na Bósnia e no Ruanda
As forças de manutenção da paz da ONU não conseguiram travar os genocídios no Ruanda e na Bósnia na década de 90. As missões malogradas levaram Annan a “criar uma nova compreensão de legitimidade e necessidade, de intervenção frente a graves violações dos direitos humanos”, escreveu na sua auto-biografia de 2012.
Apoio norte-americano
Em 1996, os EUA queriam substituir o então secretário-geral da ONU Boutros Boutros-Ghali, que, por repetidas vezes, ia contra os interesses de Whashington. Annan, por seu lado, enquanto substituto de Boutros-Ghali, autorizou a intervenção na Bósnia liderada pelos norte-americanos. Mais tarde, o veto dos EUA ao segundo mandato de Boutros-Ghali abriu caminho para Annan chegar ao posto em 1997.
Prémio Nobel da Paz
Em 2001, o Comité do Prémio Nobel da Paz atribuiu o galardão à ONU e ao seu líder, Kofi Annan, elogiando Annan por revitalizar a ONU e lutar pelos direitos humanos. “Não estou aqui sozinho”, disse Annan no discurso de aceitação. Annan agradeceu ao Comité em nome dos seus colegas da ONU “que dedicaram a vida e, em muitos casos, arriscaram ou perderam a vida pela paz.”
Annan vs Whashington
Os Estados Unidos invadiram o Iraque em 2003, ignorando o Conselho de Segurança da ONU e irritando muitos dos seus aliados mais próximos. Annan opôs-se abertamente à invasão a que chamou de “ilegal”. As declarações causaram revolta entre os que anteriormente o apoiaram em Washington.
Sob investigação
Em 2004, Annan viu-se envolvido num escândalo de corrupção devido ao programa no Iraque “Petróleo por Alimentos”, pois o seu filho Kojo recebia honorários de uma empresa envolvida no programa. Annan acabou por ser ilibado de má conduta, mas ficou por esclarecer o seu papel na obtenção do negócio pelo filho. Alguns analistas acreditam que o escândalo foi orquestrado por diplomatas norte-americanos.
Depois da ONU
Kofi Annan terminou o segundo mandato de cinco anos em 2006 e foi sucedido por Ban Ki-moon. Mas o diplomata ganês permaneceu ativo na luta pela paz. Ao lado de Nelson Mandela, Desmond Tutu e outros diplamatas e ativistas reconhecidos, Annan fundou a organisação não governamental “The Elders”, que luta pela pez e pelos direitos humanos.
Tentativa falhada na Síria
Annan voltou aos holofotes como o enviado da ONU à Síria, em 2012, durante a fase inicial do conflito que viria a transformar-se na infindável e sangrenta guerra civil. No entanto, abandonou o posto cinco meses depois, frustrado com a falha em honrar compromissos por parte dos grandes poderes. “Perdi as minhas tropas a caminho de Damasco”, disse.
Myanmar: a última missão
Em 2016, Annan viajou para o Myanmar para liderar uma comissão consultiva no conflito com os Rohingya, gerando muitos protestos entre a maioria budista no país. A comissão pediu ao Governo que terminasse com a pobreza entre o povo Rohingya e garantisse os seus direitos. Em outubro de 2017, Annan pediu à ONU que pressionasse Myanmar para receber de volta os Rohingya exilados.