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CulturaAngola

Artistas angolanos sobrevivem como podem à pandemia

8 de janeiro de 2021

Os agentes culturais enfrentam cada vez mais dificuldades, em função das restrições impostas pela Covid-19. No Dia Nacional da Cultura Angolana, artistas da província do Bengo pedem mais apoio ao governo.

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O Cine Teatro Caxito, tal como outros espaços culturais da província do Bengo, continua de portas fechadasFoto: António Ambrósio/DW

Se em condições normais já é difícil viver da arte, com a chegada da Covid-19 a situação agudizou-se para muitos artistas na província angolana do Bengo.

Lourenço Adão "Kimbumbata" faz teatro há mais de 10 anos, mas agora enfrenta muitas dificuldades, uma vez que a pandemia impede-o de fazer o que gosta. "Não há eventos e tudo está ainda fechado. Então, o artista tem de encontrar mecanismos de se enquadrar na sociedade", diz.

"Não está fácil para a caravana artística", concorda o músico e promotor de eventos Lager Maria, que está no ramo cultural há 30 anos. Em condições normais arrecadava cerca de 300 mil kwanzas por mês (cerca de 380 euros).

Ator Lourenço Adão "Kimbumbata" Foto: António Ambrósio/DW

Mas com as limitações impostas pelo novo coronavírus, é obrigado a esperar por alguns convites para atuar - apenas em pedidos de casamento ou casamentos. Um dos caminhos que encontrou é viver de empréstimos, para ver se consegue "alguma coisa para comer", explica.

Rodrigues Delgado, ou simplesmente "DJ Rodas", é outro artista que sente na pele os danos causados pela pandemia. Conta que tem sido obrigado a reduzir o valor normal que é costumava cobrar em cada espetáculo.

"Se não fosse a pandemia, nas minhas atividades, durante um mês, se eu consiga três, quatro atividades, dentro do Bengo, conseguiria no mínimo 250 a 300 mil kwanzas (cerca de 380 euros)", recorda.

Governo sabe das dificuldades

O governo do Bengo tem registados cerca de 200 artistas. O diretor do gabinete provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, Yuri Silva, reconhece as dificuldades por que passam os artistas e sugere a adaptação ao novo normal.

"Podem optar pelas atuações em resorts, restaurantes, naqueles momentos de música ambiente, não aquelas músicas dançantes. Isto também é uma maneira de fazermos alguma coisa neste tempo de pandemia, para ver se de facto vão amenizando a situação que têm vivido", afirma.

Para motivar os artistas nestas paragens, o governo local tenciona realizar ao longo do primeiro trimestre do presente ano atividades como a fogueira do artista, o conselho provincial da cultura e uma feira da cultura e artes de homenagem aos fazedores de artes.

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