Arquitetura inovadora em África
Escolas flutuantes em vez de prédios: uma nova geração de arquitetos africanos aposta em barro e madeira, em lugar de aço e cimento. Construções tradicionais com técnicas modernas marcam a "Afritectur".
Escola flutuante
As crianças da comunidade carenciada de Makoko, em Lagos, na Nigéria, frequentam uma escola flutuante. A instituição é um exemplo da arquitetura africana "Afritectur", onde profissionais da construção prescindem de alguns conceitos para utilizar técnicas tradicionais e matérias primas como madeira.
Nadar contra as alterações climáticas
No Museu da Arquitetura de Munique, na Alemanha, é possível ver um modelo da escola flutuante frequentada pelas crianças de Makoko. As palafitas, onde moram, são frequentemente levadas pelas inundações por causa das mudanças climáticas, responsáveis pelas cheias na região. A solução do arquiteto nigeriano Kunlé Adeyemi foi fazer prédios que "saibam nadar”. O primeiro foi o da escola.
Em prol de um todo
Os projetos "Afritecture" têm como objetivo melhorar a vida de comunidades carenciadas. Sejam escolas ou hospitais, os prédios têm de servir muitas pessoas. Um dos focos da inovação é a educação. Por isso, o bairro "Red Location", na cidade de Port Elizabeth, na África do Sul, ganhou um centro cultural. Entre 1998 e 2012, a localidade recebeu um museu, uma galeria de arte e uma biblioteca.
Apoio da comunidade local
Os projetos geralmente têm o apoio da comunidade local. Os moradores ajudam até na construção da obra. Esta escola técnica no Quénia, por exemplo, foi erguida pela população local, com o auxílio de estudantes alemães que desenvolveram o projeto ainda na Alemanha. Mas a maioria dos projetos expostos na mostra do museu em Munique são criações de arquitetos africanos.
Ar condicionado desnecessário
Esta obra é do arquiteto Francis Keré, do Burkina Faso. Juntamente com o já falecido diretor de teatro alemão Christoph Schlingensief, Francis criou no seu país um local para apresentações artísticas interculturais. O arquiteto usou barro. A vantagem é o baixo custo e o fácil fabrico de tijolos com terra. Além disso, as paredes conseguem armazenar calor durante o dia e libertá-lo a noite.
"Capturar o vento"
Na cidade de Porto Sudão, uma clínica infantil foi construída com base numa técnica iraniana para manter as divisões ventiladas: Bādgire, que em português significa “capturar o vento”. Assim, o vento é armazenado nos porões do edifício, para depois ventilar os quartos. O muro apresenta aberturas apenas no lado onde há mais sombra do que sol.
Casas que parecem montes
As construções "Afritecture" orientam-se pelo ambiente do local onde serão erguidas. Para este centro de exposições, por exemplo, no Parque Nacional de Mapungubwe, na África do Sul, o arquiteto Peter Rich, de Joanesburgo, criou diversos pavilhões em formato abobadado. Em plena paisagem, eles lembram pequenos montes, até porque são mascarados com rochas da região, espalhadas nas coberturas.
Guerra ao betão
A exposição do Museu da Arquitetura de Munique reúne 28 projetos de países como Quénia, Nigéria e Burkina Faso. Todos eles tentam ir contra a onda de construções gigantescas e rasantes, comuns em grandes metrópoles. Os projetos "Afritecture" apostam nas construções tradicionais e nas necessidades das populações locais, oferendo à arquitetura africana um perspectiva cultural própria.