Apoio da Femen a ativista tunisina mostra várias formas de feminismo
12 de abril de 2013Há uma semana atrás, a tunisina Amina Tyler disse a um canal de televisão francês que a ação recente de solidariedade do grupo feminista ucraniano Femen a encheu de alegria. A Femen havia convocado ações de apoio a Tyler, com manifestações de "peito ao léu" em várias cidades europeias, depois que a tunisina tinha colocado fotos suas, seminua, na Internet, com as palavras "o meu corpo pertence-me". Em seguida, muçulmanos ultraconservadores exigiram a lapidação de Amina Tyler.
Na televisão, a tunisina disse ainda temer pela sua vida e que poderá abandonar a Tunísia.
Por outro lado, Tyler criticou a queima de uma bandeira com um verso do Corão diante da mesquita da capital francesa, Paris, afirmando que as ativistas da Femen ofenderam assim todos os muçulmanos.
Resistência ao grupo Femen
A radicalidade das ações da organização e as suas provocações verbais geram resistência. Entretanto formou-se um grupo de nome "Mulheres Muçulmanas contra a Femen", que na sua página numa grande rede social online acusam as ativistas de serem islamofóbicas e imperialistas.
Também a escritora e jornalista Hilal Sezgin critica as ações da Femen: "Admira-me que esta forma de feminismo simplista e brutal ainda exista em 2013. Nos meus tempos de ativista no início da década 90 fizemos muitas ações no contexto da prostituição. E uma das nossas preocupações era evitar humilhar estas mulheres, ou retirar-lhes o direito de falarem por elas próprias", explica Sezgin.
O feminismo moderno, afirmou a escritora em conversa com a DW, ocupa-se de problemas concretos das mulheres. "O feminismo ensinou-nos há muito que é uma espécie de solidariedade com, entre e para as mulheres", constata Hilal Sezgin, ao dizer que é preciso "escutar o que pretendem as mulheres com as quais queremos formar uma aliança. O que não acontece no caso da Femen. As ativistas recorrem aos lugares-comuns clássicos islamofóbicos da mulher de véu oprimida, à qual pretendem então impor a presumida liberdade da nudez ocidental", afirma.
Sem imposições
As ativistas da Femen – formada há cinco anos na Ucrânia –, defendem o seu procedimento. Rejeitam o compromisso e pretendem manter as suas ações, independentemente contra quem se dirige o seu desagrado.
A opressão da mulher é sempre opressão, e tem que ser combatida de modo igual em todo o lado, explica a ativista Alexandra Shevchenko em entrevista à DW, mas "não queremos ser vistas como pessoas que impõem algo que não é natural para os outros. Estamos à espera de mulheres muçulmanas que nos digam: sim, somos iguais a vocês, sentimos a pressão de igual modo e queremos combatê-la", diz a ativista da Femen. "Se partilham o nosso ponto de vista e acreditam nas nossa forma de protesto, estamos abertas a um diálogo sobre a cooperação", acrescenta.
Por outro lado, um diálogo entre estes dois mundos femininos parece estar ainda longe de se concretizar.