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Apoio a Cabo Delgado: Portugal em contacto com Moçambique

5 de maio de 2021

CPLP enviará missão a Cabo Delgado. Chefe da diplomacia portuguesa reitera que "todos" compreendem a resistência de Moçambique em aceitar tropas estrangeiras. Ministro da Defesa deverá visitar Lisboa na próxima semana.

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Augusto Santos Silva, ministro de Estado e Negócios Estrangeiros de PortugalFoto: João Carlos/DW

A União Europeia está a preparar o incremento da cooperação com Moçambique na área da segurança, o que passa pelo apoio logístico e envio de uma missão para a formação e treino das Forças Armadas moçambicanas.

"Nós temos trabalhado com as autoridades moçambicanas" sobre estas matérias, sublinha o chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, em declarações à DW África. "Aliás, ainda hoje de manhã tive o prazer de ter uma chamada telefónica com a senhora Verónica Macamo, ministra dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação de Moçambique". 

Santos Silva reafirma perceber as razões que levam Moçambique a não aceitar a presença no país de tropas internacionais. "Moçambique não deseja tropas estrangeiras no seu território e todos nós conseguimos compreender porquê. A União Europeia não deseja colocar tropas europeias no território moçambicano. O que nós queremos é apoiar as instituições moçambicanas, de acordo com as propostas e solicitações que Moçambique nos envia", sublinha.

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CPLP vai enviar missão a Cabo DelgadoFoto: João Carlos/DW

Missão da CPLP

O chefe da diplomacia portuguesa recorda que o terrorismo é uma ameaça global e, neste sentido, aplaude o envio de uma missão da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) a Moçambique para acompanhar de perto a situação militar e humanitária na região de Cabo Delgado. "Devemos apoiar-nos uns aos outros quando somos atingidos por essa ameaça", refere Augusto Santos Silva.

A missão foi anunciada na semana passada em Lisboa por Rui Figueiredo Soares, ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde, país que detém a presidência da organização lusófona. Aliás, o auxílio a Moçambique estará na agenda da cimeira ao mais alto nível, prevista para 17 de julho, em Luanda (Angola). 

No plano bilateral, Augusto Santos Silva lembra que Portugal já enviou para Moçambique praticamente metade da missão com cerca de 60 homens, os quais trabalham para o reforço da formação de tropas especiais moçambicanas, ao abrigo da cooperação técnico-militar. Entretanto, o chefe da diplomacia portuguesa recusa comentar questões internas daquele país, apontadas com tendo ajudado a impulsionar os grupos extremistas, nomeadamente a corrupção ou a pobreza em Cabo Delgado. 

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Manifestação em Lisboa de solidariedade com Cabo DelgadoFoto: João Carlos/DW

"Em primeiro lugar, eu como ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal não me pronuncio sobre questões internas de outros países. Em segundo lugar, se há coisa que aprendi na minha vida profissional, pessoal e política é saber em cada circunstância identificar qual a questão principal", frisa.

Santos Silva diz que o fundamental neste momento é ajudar as 700 mil pessoas que tiveram de fugir à violência na província. Além disso, segundo o governante português, é necessário "prover todo o apoio às instituições moçambicanas nas suas tarefas de salvaguarda da segurança das pessoas e dos bens da população moçambicana e cooperar todos para impedir que as redes terroristas internacionais penetrem também na África Austral."

Trata-se de um interesse não apenas da África Austral como também de África no seu todo, bem como da Europa, entende Santos Silva, acrescentando que "o terrorismo não conhece fronteiras".  

Visita a Portugal

Na próxima semana, o ministro da Defesa de Moçambique, Jaime Neto, deverá visitar Portugal com uma agenda que traz também como preocupação a situação crítica em Cabo Delgado.

Segundo o chefe da diplomacia portuguesa, entre outras coisas, será assinado o acordo bilateral de que resulta o incremento da cooperação técnico-militar bilateral entre Portugal e Moçambique, nomeadamente com a missão de apoio à formação de tropas especiais moçambicanas, comandos e fuzileiros.

A visita de Jaime Neto acontece depois da deslocação a Moçambique, no ano passado, do seu homólogo português, João Gomes Cravinho, que na altura garantiu que Portugal vai apoiar o país na organização logística e capacitação de militares para fazer face ao terrorismo na província de Cabo Delgado.

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