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Ano letivo começa com Angola a apertar o cinto

Anselmo Vieira (Huíla) / LUSA / gcs3 de fevereiro de 2015

Face à crise do petróleo, o Governo angolano pede contenção nas despesas da educação. Pais e professores estão preocupados com a qualidade do ensino.

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Foto: Nelson Sul D'Angola

O ano escolar começou esta segunda-feira (02.02) em Angola. Mas as autoridades deixam já um aviso às escolas: este ano será preciso apertar o cinto, devido à baixa do preço do petróleo a nível mundial.

Na abertura do ano escolar, o vice-Presidente angolano, Manuel Vicente, pediu contenção de gastos e uma boa planificação para enfrentar as dificuldades financeiras. No final do ano passado, o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, também já anunciara que, face à crise do petróleo, será preciso mais tempo do que o previsto para construir 63 mil salas de aula e formar 126 mil professores, tal como prometido pelo Governo.

Ainda assim, esta segunda-feira já foram inauguradas centenas de novas salas para tentar responder ao ingresso de milhares de novos alunos no sistema normal de ensino.

Angola Landwirtschaft Kwanza Sul
Pais e professores pedem um maior investimento na educação dos seus filhos e alunosFoto: Jörg Böthling/Brot für die Welt

"A rede escolar aumentou em todas as províncias e os novos espaços educativos que foram construídos vão ajudar a absorver uma grande parte da população escolar que infelizmente, no passado, não teve acesso à escola", disse à imprensa angolana o ministro da Educação, Pinda Simão. "Mas isto não quer dizer que resolvemos o problema na totalidade", reconheceu.

Pais e professores querem mais

A perspetiva de, este ano, se ter de apertar o cinto na educação aflige pais e docentes. Particularmente num país onde, segundo o Sindicato Nacional de Professores (SINPROF), "não há qualidade de ensino, também devido aos fracos investimentos que são feitos no setor."

"Promete-se a 'merenda escolar' e as crianças ainda não a têm. Promete-se equipamento e material escolar gratuito à sexta classe e vai tudo parar ao mercado negro. Há turmas debaixo de árvores e escolas que estão em ruínas", diz Manuel de Vitória Pereira, dirigente do SINPROF.

Pereira recorda que, nos últimos anos, o emagrecimento do montante previsto para o setor da educação refletiu-se no pagamento dos salários dos professores. "Parece haver uma política do Estado que é não pagar", afirma o dirigente.

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No ano passado, durante três meses, várias greves de professores a exigir melhores salários obrigaram à paralisação das aulas, sobretudo nas províncias da Huíla e Kwanza-Norte.

Os pais e encarregados de educação esperam que 2015 seja um ano melhor: "Peço que a entidade empregadora olhe pelos professores para que os nossos filhos não fiquem parados durante tanto tempo", afirmou em entrevista à DW África um encarregado de educação. "Peço que sejam humanistas."

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