Angolanos no Bengo desiludidos com Presidente
10 de junho de 2021A província fica a pouco mais de 60 quilómetros da capital, Luanda, mas esta é a primeira visita do Presidente João Lourenço à região. Nas ruas, os populares mostram-se desiludidos com o chefe de Estado.
Em Caxito, a capital da província do Bengo, muitos cidadãos ainda se lembram do que João Lourenço prometeu há quase quatro anos: transformar a "fazenda de Caxito" numa "cidade" – desenvolver as infraestruturas da região e criar mais postos de trabalho.
Volvidos todos estes anos, essas promessas ainda estão por cumprir, afirma o jovem Fernando Moniz. A avaliação que faz sobre a governação do Presidente João Lourenço é bastante negativa. "As promessas que se fazem no período eleitoral não são materializadas na fase de governação", disse Moniz à DW África.
Poucas expetativas
No Bengo, o Presidente tem encontros marcados com jovens, empresários, assim como representantes das autoridades tradicionais e religiosas. Visitará ainda empreendimentos agrícolas, uma fábrica e obras públicas. Na sexta-feira participa numa reunião do Conselho de Governação Local.
Sobre a visita, João Lourenço disse que "o país tem 18 províncias, por esta razão algumas das províncias só agora são visitadas, mesmo aquelas que estão mais próximas da capital, que é o caso do Bengo, costuma-se dizer 'antes tarde do que nunca', portanto, vamos cobrir a totalidade do país. Todas as províncias serão visitadas."
Ao microfone da DW África, vários cidadãos criticaram João Lourenço por só se lembrar da região um ano antes das eleições gerais. Apesar do adágio popular que diz que "a esperança é a última a morrer", o jovem Garcia Miranda não tem dúvidas: não é a cerca de quinze meses de terminar o mandato que o Presidente conseguirá trazer as mudanças desejadas.
"Se em três anos ou quatro não conseguiu realizar as suas promessas, então não vai ser em meses que o vai fazer. Sinceramente, não acredito que vai cumprir as suas promessas", afirmou Miranda.
Onde está a estrada de Nambuangongo?
Uma das muitas promessas por cumprir, dizem os populares, é a construção da estrada no histórico município de Nambuangongo. Outra é a criação de 500 mil postos de trabalho a nível nacional. O Governo diz que, desde 2019, já criou mais de 45 mil empregos. Mas muitos cidadãos duvidam dos números, sobretudo por causa da crise económica e financeira no país, agravada pela pandemia.
As críticas não param diante do plano de combate à corrupção elaborado pelo Presidente, que é considerado demasiado seletivo.
Numa escala de zero a dez, o professor e sindicalista Admar Jinguma dá nota quatro ao grau de cumprimento das promessas eleitorais e deixa um recado ao Presidente: "Se quiser ser reeleito, vai ter que puxar dos seus galões para convencer o eleitorado".
Tingão Pedro, deputado do Movimento pela Libertação de Angola (MPLA, no poder), reconhece o incumprimento de várias promessas eleitorais, mas tem esperança que, até às eleições de 2022, alguns projetos possam avançar. "O senhor Presidente deixará algum indicativo de que o Executivo estará em condições de executar tais programas", referiu.