Angolanos na diáspora pedem vigilância para evitar fraudes
22 de agosto de 2017Angola vai às urnas já amanhã. Mas, para o angolano Emanuel Matondo, de 51 anos, morador na Alemanha há cerca de 25, o resultado já está definido antes da votação."Penso que o processo eleitoral está viciado", comenta Matondo.
O angolano afirma que as eleições são como "uma fachada", como já aconteceu no passado. "As eleições tornaram-se uma festa, um evento de legitimização de um regime que se recusa a mudar e que nunca mudará", completa.
"Eleições para todos"
Emanuel Matondo é um dos vários angolanos na diáspora, mas mesmo que quisesse votar, não poderia. Este ano, até nos casos dos cidadãos fora do país de forma temporária, como estudantes e trabalhadores das missões diplomáticas e consulares, o voto só será possível se viajarem para Angola. A Comissão Eleitoral do país anunciou, no início do mês, que não há condições para o voto no exterior.
Questionado sobre essa impossiblidade, Matondo diz-se indiferente. "Como o processo interno não é transparente, o voto da diáspora não se coloca, pois eles estão a mexer em tudo", defende.
Já Paulo Bunga, que vive em Berlim, diz sentir-se rejeitado por não poder exercer o direito de votar. As eleições deveriam ser para todos, na opinião do angolano. "Até os da diáspora deveriam participar do voto de escolher seus dirigentes, mas foi um projeto sempre adiado pelo MPLA, pois não encontraram um espaço no estrangeiro, uma máquina que possa facilitar a manipulação como faz de dentro", destaca Bunga.
O angolano alerta para a falta de transparência do processo eleitoral. Por isso, pede aos angolanos para ficarem vigilantes e prevenirem possíveis fraudes.
Fiscalização
Opinião semelhante tem Emanuel Matondo, que comenta que as organizações e integrantes da oposição precisam envolver-se para fiscalizar as eleições. "Acho que os angolanos precisam insistir para fazer as contas nas mesas e obter também uma participação ativa e direta dos membros da oposição e sociedade civil para fiscalizarem", sustenta.
Em comum, os dois angolanos na diáspora ainda têm mais um desejo: a saída do MPLA, que governa Angola há mais de quatro décadas. "Os angolanos precisam mudar, afastar o partido do poder. Isso significa afastar a ditadura", conclui Matondo.